terça-feira, 24 de julho de 2012

Ets, Seti, Esferas de Dyson e Hubble Ultra Deep Field



(Imagem: Representação gráfica da Mensagem de Arecibo / Suposta resposta da mensagem de Arecibo)

Foto: Exploração espacial humana.

Índice
Introdução
1. Origem da Vida – Biopoese
2. Números observáveis do cosmos
3. Paradoxo de Fermi
3.1. Avistamentos e abduções - Ufologia
3.2. Paleocontato (Astronautas antigos)
4. O silêncio perturbador do SETI
5. A Escala de Kardashev
6. Novas perspectivas de busca
Referências/Indicações/Links

INTRODUÇÃO.

Há muita especulação e dúvida quanto à possibilidade da existência de vida extraterrestre, inteligente, que tenha desenvolvido civilização e tecnologia para comunicação.

Tal dúvida já intrigou inúmeras mentes humanas, e intriga até hoje, já que não encontramos nenhum sinal que evidencie a hipótese. Buscamos sinais de civilizações inteligentes no universo, mas ainda não achamos ninguém para partilhar conosco de nossa solidão, ou ainda nos dar esperança que podemos superar nossa infância tecnológica e sobreviver como espécie, sem nos aniquilarmos.

Um primeiro ponto a ressaltar é que a questão esbarra no limite do conhecimento humano, e diretamente é restrita por nossas capacidades tecnológicas atuais, sendo, portanto de difícil resposta.

O assunto abordado vai se restringir à possibilidade da vida extraterrestre, e não visar (apesar de comentar os tópicos) a ufologia, nem a possibilidade de paleocontato, que tratariam respectivamente de supostos seres extraterrestres interagindo com a humanidade através de avistamentos/abduções e contato com alienígenas no passado, como trata a Teoria dos Astronautas Antigos.

1. ORIGEM DA VIDA - BIOPOESE.

Foto: Nebulosa de Borboleta. Explosão de supernova.

Um dos dados primordiais para tal questionamento, e sobre o qual não temos nenhuma evidência maior, é sobre a origem da vida.

A biopoese é a teoria atualmente mais aceita para explicar a origem da vida. Prediz que os compostos inorgânicos (elementos biogênicos), ao reagirem e se recombinarem durante milhões ou bilhões de anos, sob algumas condições favoráveis da Terra primitiva de alguma maneira iniciou a vida. Os elementos biogênicos são: metano, amônia, gás carbônico, vapor d’água, água líquida, oxigênio, nitrogênio, carbono, fósforo, enxofre, sob ação de alguns fenômenos naturais como os relâmpagos e o bombardeamento de radiação e meteoritos.

A utilização do termo biopoese é mais recente, para diferenciar de abiogênese ou geração espontânea, que seria a tese refutada por Louis Pasteur, da qual a vida surgiria da não vida espontaneamente e em tempo curto, não necessitando de um genitor. Outros cientistas tentaram anteriormente refutar a tese, como experimentos bem sucedidos, porém a hipótese da geração espontânea persistiu. Francesco Redi, em 1668, isolou pedaços de carne e protegeu de contato com moscas, e não aconteceu a geração espontânea de larvas. Pensava-se anteriormente que as larvas surgiam da carne, o que se mostrou errado. 

A biopoese defende o surgimento de vida da não vida, mas progressiva e lentamente, e tem respaldo dos experimentos de Urey-Miller, de 1953 e Juan Oró, de 1961, que nas condições da Terra primitiva, compostos orgânicos são formados naturalmente. A ciência ainda não conseguiu demonstrar de que maneira os compostos orgânicos se agrupariam para formar os primeiros seres vivos, mas as experiências sugerem que foi um acontecimento natural, e uma evolução lenta do RNA para o DNA. Talvez encontremos nos vírus (que são o limiar entre os seres vivos e inanimados) a resposta para tais perguntas.

Em quais condições surge a vida? Será a vida algo comum, com grandes possibilidades de emergir onde existam alguns compostos básicos, com temperatura variante de 0ºC a 70ºC e água líquida? Ou a vida é resultado de uma combinação muito peculiar, e de difícil probabilidade?

Podemos buscar respostas para tal questão dentro do Sistema Solar, trazendo novos percentuais para a Equação de Frank Drake, em locais como os pólos de Marte, ou seu subsolo, as atmosferas de Vênus e Júpiter, e os oceanos abaixo da crosta da lua de Júpiter, Europa. Existe possibilidade real da existência de vida microbiana nestes locais, e em Europa até mesmo vida de maior complexidade. Mesmo com nossa tecnologia que permite a exploração destes mundos, temos que desenvolver novas maneiras de detecção de vida e nos dedicarmos à exploração e busca que podem ajudar a responder estas questões fundamentais. A área que atualmente dedica seus esforços nesse sentido é a astrobiologia, ou exobiologia, e a própria NASA possui um instituto astrobiológico.

Algumas descobertas científicas mais recentes deram importantes passos na resolução de algumas destas dúvidas. Investigamos a origem dos elementos químicos, e compreendemos que eles foram forjados nos núcleos das estrelas de grande massa, e nas explosões de supernova. A presença dos principais elementos necessários para a origem da vida como a conhecemos – C, H, N, O, - é comum em toda a galáxia. Isso aumenta exponencialmente a probabilidade da vida.

Outra descoberta recente diz respeito aos planetas. Até 1990, o pensamento predominante no meio científico era de que planetas orbitando estrelas eram de uma raridade imensa, quase uma impossibilidade. Com o aprimoramento de meios de observação indiretos, como a variação da magnitude estelar causada pelo trânsito de planetas ou a perturbação gravitacional causada pelos planetas, que faz variar entre o azul e vermelho as cores da estrela visualizada, e satélites especializados, tal como o Kepler, tornou-se possível a quebra deste paradigma. Já foram localizados mais de 2.000 planetas fora do Sistema Solar, e a proporção de ocorrência destes chega a 80% nas estrelas observadas.

2. NÚMEROS OBSERVÁVEIS DO COSMOS.

A astronomia é a ciência da humildade, como sabiamente já foi dito. Pelo princípio da mediocridade, ela nos mostra que somos partículas infinitesimais, que habitam um grão de poeira, que não tem nada de especial. Observada da distância do planeta Saturno, a Terra é somente um pontículo azul ínfimo, circundada pela escuridão profunda e suspensa em um raio de Sol (Vide foto Pale Blue Dot).

Os números enormes da realidade que nos cerca são muito espantosos. As descobertas das magnitudes e números absolutos cosmológicos são recentes, e ainda estamos acostumando nosso paradigma com as últimas observações.

Há um século, já tínhamos consciência da grandeza da Via Láctea, nossa galáxia, mas não conhecíamos o espaço profundo. Os dados são os que seguem: Nossa galáxia tem um diâmetro de algo em torno de cem mil anos-luz. Um ano-luz é equivalente a quase 10 trilhões de quilômetros. Nosso Sol é uma estrela comum.

Nossa galáxia tem aproximadamente 400 bilhões de estrelas. Mas a observação que causou maior assombramento recente foi o Hubble Ultra Deep Field. (HUDF) A parte mais escura do céu noturno (Vide foto) foi fotografada com 30 horas de exposição, revelando aproximadamente 3.000 galáxias (Vide foto), em um minúsculo pedaço do céu. A partir do HUDF e de outras observações, o número estimado de galáxias no Universo visível saltou para 200 bilhões.

Embasando-se nas observações do céu profundo e estimando-se que 50% das estrelas têm planetas em suas órbitas, o número aproximado de planetas do universo seria de 2x10^22 ou 20.000.000.000.000.000.000.000.

Citando SAGAN, 2008:

“Toda cultura tem seu mito de criação – uma tentativa de compreender de onde veio o universo e tudo que ele contém. Quase sempre esses mitos são pouco mais que histórias inventadas por contadores de história. Em nossa época, temos também um mito da criação. Mas está baseado em evidências científicas sólidas. Diz mais ou menos o seguinte...
Vivemos em um universo em expansão, cuja vastidão e antiguidade estão além do entendimento humano. As galáxias que ele contém estão se afastando velozmente umas das outras, restos de uma imensa explosão, o Big Bang. Alguns cientistas acham que o universo pode ser um dentre um imenso número – talvez um número infinito – de outros universos fechados. Uns podem crescer e sofrer um colapso, viver e morrer, num instante. Outros podem se expandir para sempre. Outros ainda podem ser delicadamente equilibrados e passar por um grande número – talvez um número infinito de expansões e contrações. O nosso próprio universo tem cerca de 15 bilhões de anos desde a sua origem ou, pelo menos, desde a sua presente encarnação, o Big Bang.
Talvez haja leis diferentes da natureza e formas diferentes de matéria nesses outros universos. Em muitos deles a vida talvez seja impossível, pois não há sóis nem planetas, nem mesmo elementos químicos mais complicados do que o hidrogênio e o hélio. Outros talvez tenham uma complexidade, diversidade e riqueza que eclipsam as nossas. Se esses outros universos existem, nunca seremos capazes de sondar seus segredos, muito menos visitá-los. Mas há muito a explorar no nosso.
O nosso universo é composto de algumas centenas de bilhões de galáxias, uma das quais é a Via Láctea. “A nossa galáxia”, como gostamos de chamá-la, embora ela certamente não nos pertença. É composta de gás, poeira e aproximadamente 400 bilhões de sóis. Um deles, num braço obscuro da espiral, é o Sol, uma estrela local – e pelo que sabemos, insípida, trivial, comum. Acompanhando o Sol em suas viagens de 250 milhões de anos ao redor do centro da Via Láctea, existe um séquito de pequenos mundos. Alguns são planetas, outros são luas, uns asteróides, outros cometas. Nós, humanos, somos uma das 50 bilhões de espécies que cresceram e evoluíram num pequeno planeta, o terceiro a partir do Sol, que chamamos de Terra. Temos enviado naves espaciais para examinar setenta dos outros mundos em nosso sistema, e para entrar nas atmosferas ou pousar na superfície de quatro deles – a Lua, Vênus, Marte e Júpiter. Estamos empenhados em realizar uma tarefa mítica.”

Foto: Pale blue dot. Fonte: NASA/ ESA/ JPL / Carl Sagan. Disponível em: <http://www.metaphysica.com/2011/06/sagans-pale-blue-dot/>

Foto: Ponto de captura da Hight Ultra Deep Field. Fonte: NASA/ESA. Disponível em: <http://xfinity.comcast.net/slideshow/news-science-galaxies/21/>

Foto: Fotografia de campo de alta profundidade. Ultra Deep Field, Fonte: NASA, ESA, R. Windhorst (Arizona State University) and H. Yan (Spitzer Science Center, Caltech). Disponível em: <http://www.spacetelescope.org/images/opo0428b/>

Devem existir incontáveis mundos com potencial para o desenvolvimento de vida inteligente e civilizações pelo Cosmos, mas por que não estamos sendo bombardeados por sinais de rádio/TV de outras civilizações ou sendo visitados por elas?

3. PARADOXO DE FERMI.

Imagem: Radiotelescópio

“Onde estão todos?”
Com os números acima postulados, deveríamos estar recebendo diversos sinais de outras civilizações, ou a visita delas, mas a escuridão circundante permanece absolutamente silenciosa.

O questionamento proposto intrigou o físico Enrico Fermi, que passou a levantar algumas hipóteses para o silêncio de nossos irmãos cósmicos.

Varias respostas são possíveis, e não são exclusivas, duas ou mais podem coexistir ao mesmo tempo:

1- Podem existir pouquíssimas civilizações em nossa galáxia atualmente, ou até mesmo uma única (humanidade). Essas possibilidades são baseadas na hipótese da Terra rara, que estipula que o surgimento da vida complexa multicecular (Metazoa) terrestre, bem como o surgimento da vida inteligente, requereram uma série de eventos complexos muito improváveis, que não teriam acontecido em praticamente nenhum lugar do cosmos.  A hipótese da Terra rara é contraria ao princípio da Mediocridade, que afirma que a Terra é um planeta comum, em um sistema planetário comum e numa galáxia comum. O princípio da mediocridade é defendido por Frank Drake e Carl Sagan, entre outros. Novas descobertas, como de exoplanetas telúricos em estrelas de baixa metalicidade, tendem a criticar a hipótese da Terra rara.

2- Outra possível resposta ao paradoxo de Fermi é que civilizações inteligentes tendem a se autodestruir, assim que, ou pouco depois de alcançarem o desenvolvimento da tecnologia de rádio. Possíveis meios de auto-aniquilação incluem guerra nuclear, guerra biológica, contaminação acidental, catástrofe nanotecnológica, experimentos de alta energia, criação de uma super-inteligência artificial mal programada ou catástrofe malthusiana após deterioração do ecossistema planetário. Tais hipóteses tendem a ser exploradas pela ficção científica, mas existem assertivas sérias nesse sentido, como vistas na série Cosmos, de Carl Sagan.

3- A vida inteligente também pode ter tendências naturais em destruir demais civilizações que encontrar, e como evidência desse comportamento podemos observar o extermínio de demais espécies hominídeas perpetrado pelo Homo sapiens, em sua ascensão como espécie dominante. Civilizações que superaram o risco de autodestruição podem ver outras espécies e culturas como vírus, e por prudência aniquilam essas civilizações, conforme proposto pelo argumento do Cosmologista Edward Harrison em 1981.
4- As civilizações existem, mas por restrições de escala, tecnológicas ou falta de interesse de comunicação por parte dos extraterrestres não conseguimos se comunicar com estas civilizações.

Existem outras tantas alternativas, que podem explicar o paradoxo, e acessadas no link da Wikipédia que trata do paradoxo de Fermi.

3.1. Avistamentos e abduções – Ufologia

Imagem: Eu quero acreditar.

Neste ponto, poderá surgir um questionamento daqueles que crêem que já estamos sendo visitados por civilizações extraterrestres: Ora, mas não temos tantos relatos de avistamentos de UFOS/OVNIS e abduções realizadas por extraterrestres?

Sim, temos milhares de relatos de avistamentos, mas na grande maioria dos casos (99,9%), são explicados por fenômenos naturais ou artefatos humanos que são mal identificados pelos observadores, ou ainda, fraudes. Existe muita desinformação neste meio, e muitas tentativas de se promover à custa de fraudes perpetradas contra aqueles que acreditam nas estórias mirabolantes e teorias conspiratórias. E aqueles que não são explicados, por que automaticamente deveriam se tratar de veículos tripulados pilotados por seres extraterrestres? Existem muitas outras possibilidades que não são sondadas, e faltam evidências destes supostos contatos.

O mesmo vale para as abduções. Muitos relatos, nenhuma evidência (exemplo: uma peça de manufatura alienígena), e uma explicação possível: Terror noturno. Pode até existir uma política de acobertamento por parte dos governos, mas até que surjam evidências que corroborem com as versões apresentadas, a posição mais sensata seria o ceticismo. Concordemos com a máxima de Sagan: “Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias”, ou ainda “Devemos manter nossa mente aberta, mas não tanto ao ponto que o cérebro caia dela”.

3.2. Paleocontato (Astronautas antigos)




As máximas de Sagan acima expostas valem para a hipótese de paleocontato. Apesar de alguns indícios de que pode ter ocorrido no passado remoto contato com outras civilizações, faltam evidências confiáveis e inquestionáveis para suportar esta hipótese.

Imagens que se assemelham a astronautas, pássaros divinos que lembram aviões, contos mitológicos envolvendo batalhas de deuses em máquinas voadoras que remetam a naves espaciais (Vihmannas) podem ser indícios de um paleocontato, mas também podem simplesmente ser fruto da imaginação humana. Precisamos de evidências extraordinárias, tal qual um circuito elétrico, um motor, ou outra tecnologia avançada que date de 10.000 a.C., para que possamos dar mais credibilidade às hipóteses. Até lá, “Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias”, ou ainda “Devemos manter nossa mente aberta, mas não tanto ao ponto que o cérebro caia dela”.

4. O SILÊNCIO PERTURBADOR DO SETI

Imagem: Equação de Drake

O projeto SETI, do inglês Search for Extra-Terrestrial Intelligence, é um projeto de busca de Inteligências Extraterrestres, que utiliza principalmente os sinais de rádio, pois estas representam, até então, a forma de transmissão de informação mais rápida conhecida.

Como resultado da análise de nossa própria civilização, com ponto de vista notadamente (e talvez erroneamente) antropocêntrico, estimamos que a tecnologia de rádio e a capacidade de construção de um radiotelescópio é um avanço natural para espécies tecnológicas. E os efeitos criados por essa tecnologia podem ser detectados através das distâncias interestelares. Um observador distante do Sistema Solar, por exemplo, notaria ondas de rádio incomumente altas para uma estrela G2, que são resultado de nossas transmissões de telecomunicação e televisão. E na falta de uma causa natural aparente, os observadores extraterrestres poderiam atribuir tal fenômeno à existência de uma civilização, acertadamente.

A busca por sinais de rádio provenientes de outras possíveis civilizações iniciou-se quando Frank Drake apontou seu radiotelescópio para o céu, em 1960. Em 1971, a NASA fundou o projeto SETI. Já foram realizadas tentativas deliberadas de tentativa de contato com outras civilizações, como a mensagem de Arecibo, enviada em 1974, em direção ao aglomerado estelar M13, que se encontra a 25.000 anos-luz da Terra, com informações sobre o Sistema Solar, a Terra, nosso DNA, anatomia, população da Terra. Até o momento, não houve detecção significativa que comprove a existência de civilizações extraterrestres.

Em 15 de agosto de 1977, o sinal “Wow” foi colhido pelo radiotelescópio The Big Ear, como um possível sinal de outra civilização, restando em estudo e até o momento não comprovada sua origem, já que reexames realizados posteriormente não detectaram novamente o sinal.

Mesmo sem a detecção efetiva de sinais, a escuta do céu ocasionou descobertas importantes à ciência, como os pulsares e galáxias Seyfert. Os pulsares, quando detectados, devido à repetição precisa de seus pulsos foram chamados de Little Green Man, ou LGM, palavra em inglês para Pequenos Homens Verdes. Da mesma maneira, as galáxias Seyfert eram suspeitas de ser acidentes industriais, graças à sua enorme e dirigida produção energética.

Até o momento não detectamos nenhum sinal comprovadamente de origem extraterrestre, mas podemos estar procurando nas freqüências erradas, ou não procuramos por tempo suficiente. Com o aumento da sensibilidade dos radiotelescópios, área de busca e capacidade computacional, devemos continuar nessa empreitada. Como dito pela diretora atual do SETI: “Se mergulharmos um copo no mar e não capturamos um peixe, devemos presumir que não existe vida no oceano?”

5. A ESCALA DE KARDASHEV

A Escala de Kardashev é um método proposto pelo astrofísico russo Nikolai Kardashev para medir o grau de desenvolvimento tecnológico de uma civilização. Foi apresentado originalmente em 1964 e utiliza-se de três etapas ou tipos, classificando as civilizações baseado na quantidade de energia coletada, utilizada e processada e seu aumento em escala logarítmica.

As três etapas de Kardashev são:

Tipo I - Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de um planeta, aproximadamente 1016 W. A significação real dessa classificação é muito efêmera; a Terra especificamente tem uma capacidade energética de aproximadamente 1.74×1017 W. A definição original de Kardashev era de 4×1012 W. (Kardashev definiu o Tipo I como "um nível tecnológico próximo ao nível alcançado atualmente na Terra", "atualmente" significando 1964).
Tipo II - Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de uma estrela, aproximadamente 3.86×1026 W. A definição original de Kardashev era de 4×1026 W.

Tipo III - Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de uma galáxia, aproximadamente 1036 W. Esta classificação é muito efêmera, já que as galáxias variam enormemente em tamanho, formato e calor emitido. A definição original de Kardashev era de 4×1037 W.

Todas essas civilizações são puramente hipotéticas até o presente momento. Entretanto, a Escala de Kardashev é utilizada pelos pesquisadores do SETI, autores de ficção científica e futurologistas como uma orientação teórica.

Zoltan Galantai, em uma revisão do trabalho de Kardashev, propôs uma extrapolação da Escala para um Tipo IV, uma civilização que aproveitasse até 1046W, ou seja, a energia potencial do universo visível. Tal civilização ultrapassa todos os limites possíveis de especulação científica, e é provavelmente inviável. Galantai argumentou que uma civilização de tal magnitude tecnológica jamais poderia ser detectada por sociedades menos avançadas, pois suas obras seriam indistinguíveis de eventos naturais.

É comum o receio de entrarmos em contato com outras civilizações, ainda mais se estas forem capazes de feitos jamais sonhados em nossas maiores pretensões e ficções. O físico Stephen Hawking recentemente fez uma declaração onde mostrou preocupação com nossos sinais de rádio que são emitidos ao espaço profundo constantemente. Em sua perspectiva, a inteligência tende a surgir em super predadores, que seriam hostis, e poderiam nos destruir para roubar nossos recursos. Discordo. Uma civilização de tais feitos não teria maior facilidade em buscar seus recursos em planetas e luas não habitados, considerando que a distribuição de elementos pelo universo é comum?

Para uma civilização de tipo III ou II, nossa civilização seria como formigas. Uma analogia: Quantas vezes nos mobilizamos, como civilização, para roubar recursos das formigas, ou destruí-las? Ou ainda tentar explicar fórmulas matemáticas e conversar com elas? Este poderia ser o motivo do silêncio universal.

6. NOVAS PERSPECTIVAS DE BUSCA

Imagem: Esfera de Dyson

Foto: Geoffrey Marcy - astrônomo

Após 5 décadas de busca por sinais provenientes de outras civilizações, sem qualquer evidência incontestável, outras linhas de busca começam a ser exploradas. O astrônomo Geoffrey Marcy (que descobriu uma maneira de observar a perturbação gravitacional gerada pelos planetas em suas estrelas), sendo, portanto um pioneiro da caça a planetas extra-solares, vai se dedicar a busca através de outras evidências que não sejam os sinais de rádio. É um nome de peso e que pode contribuir enormemente com o SETI. As duas novas áreas de pesquisa e observação de Marcy serão as transmissões mais privativas e econômicas de laser e as mega estruturas de escala estelar, como as esferas de Dyson.

A comunicação entre civilizações não vai ser feita esticando-se cabos de fibra ótica entre estrelas, provavelmente utilizará uma forma que não precise de meio de transmissão, como as ondas eletromagnéticas: entre elas o rádio e o laser. As vantagens do laser sobre o rádio, segundo Marcy, é que o mesmo é muito mais econômico, do ponto de vista energético, além de ser privativo. O sinal de rádio vaza muito mais facilmente que um laser apontado sobre um alvo pequeno. Críticas já foram feitas à tentativa de Marcy. Justamente por ser um sinal mais privativo, seria bem difícil de se detectar.

A busca por mega estruturas de escala estelar é outra das linhas de pesquisa de Marcy. As esferas de Dyson são estruturas teóricas concebidas pelo físico Freeman Dyson, que em 1959, após observação das civilizações humanas, constatou que constantemente as mesmas aumentam seu consumo de energia, e teoricamente, uma civilização com idade suficiente iria precisar de toda a energia produzida por sua estrela. Por sua necessidade energética, seria construída uma nuvem ou concha de objetos circulando uma estrela para captar o máximo de sua energia. Ou várias camadas destas conchas, resultando em um Cérebro Matrioshka. Tais construções de astroengenharia iriam alterar drasticamente o espectro observável da estrela envolvida, até mesmo torná-la praticamente invisível, mas ainda assim passíveis de detecção à distância. Já existiram algumas tentativas prévias de localizar evidências de uma esfera de Dyson ou outros artefatos de civilizações de tipo II ou III da escada de Kardashev, que restaram infrutíferas.

Existem outras possibilidades de detecção, que não serão abordadas pelo astrônomo Geoffrey Marcy, como por exemplo, a busca por sondas de Von Neymann e sondas de Bracewell. As sondas de Von Neumann seriam dispositivos auto-replicantes de exploração galáctica, e se existirem poderiam ser encontradas no cinturão de asteróides, onde a matéria-prima é abundante e de fácil acesso. As sondas de Bracewell seriam sondas que buscam especificamente contato com outras civilizações, alojando inteligência artificial para realização de contato prévio em tempo real, sem suportar os longos atrasos que um diálogo por rádio/laser exigiria.

Desde a década de 50 foi realizada exploração direta em uma fração do Sistema Solar e nenhuma evidência de exploração ou visita por extraterrestres foi encontrada. A exploração mais detalhada de áreas onde os recursos são abundantes, como o cinturão de Asteróides, o cinturão de Kuiper e a nuvem de Oort podem ter mais chances de encontrar evidências de exploração alienígena. Existiram esforços prévios nessa direção, como os projetos SETA e SETV. Já foram também realizadas tentativas de ativar ou atrair sondas de Bracewell na vizinhança local da Terra, pelos cientistas Robert Freitas e Francisco Valdes, sem resultado. Existe a possibilidade que um sistema de coleta de dados que seja baseado em nanotecnologia molecular esteja neste exato momento ao nosso redor realizando pesquisa, completamente indetectável.

Existem diversas possibilidades, e grandes probabilidades de se encontrar os sinais de outras civilizações, a julgar pelo tamanho do Universo. Apesar do aparente silêncio universal, os benefícios de um contato seriam grandes, em relação aos custos que são empregados em tais empreitadas. Como disse Geoffrey Marcy: “É hora de jogar os dados, tentar algo bem improvável. Cientistas mais jovens não podem colocar seus ovos nessa cesta, porque as chances de sucesso são baixas. Mas eu posso me dar ao luxo”, e citando Sagan: “Se não existe vida fora da Terra, então o Universo é uma grande desperdício de espaço”.


Referências/Indicações/Links

Livros:

SAGAN, Carl. Bilhões e bilhões = Billions and billions: thoughts on life and death at the bink of the millennium. Tradução Rosaura Eichemberg. São Paulo, Companhia das Letras, 2008.

SAGAN, Carl. Contato = Contact. Tradução Donaldson M. Garschagen. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.

SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escuro = The Demon-Haunted World: Science as a Candle in the Dark. Tradução Rosaura Eichemberg. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

Savage, Marshall T.. The Millennial Project: Colonizing the Galaxy in 8 Easy Steps. Denver: Empyrean Publishing, 1992. 

Webb, Stephen. If the Universe Is Teeming with Aliens… Where Is Everybody?. [S.l.]: Copernicus Books, 2002. 

Michaud, Michael. Contact with Alien Civilizations: Our Hopes and Fears about Encountering Extraterrestrials. [S.l.]: Copernicus Books, 2006. 

Wikipédia/Links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_de_Fermi

http://pt.wikipedia.org/wiki/Extraterrestre

http://pt.wikipedia.org/wiki/Exobiologia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida_extraterrestre

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_da_Terra_rara

http://pt.wikipedia.org/wiki/Origem_da_vida

http://pt.wikipedia.org/wiki/Abiog%C3%AAnese

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Kardashev

http://pt.wikipedia.org/wiki/SETI

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1076671-astronomo-cacador-de-planetas-agora-vai-procurar-ets.shtml

ZUCKERMAN, Ben and HART, Michael. Extraterrestrials: Where Are They? 

Evolving the Alien: The Science of Extraterrestrial Life

Youtube:





Um comentário: