(Imagem: Representação gráfica da
Mensagem de Arecibo / Suposta resposta da mensagem de Arecibo)
Foto: Exploração espacial humana.
Índice
Introdução
1. Origem da Vida – Biopoese
2. Números observáveis do cosmos
3. Paradoxo de Fermi
3.1. Avistamentos e abduções - Ufologia
3.2. Paleocontato (Astronautas antigos)
4. O silêncio perturbador do SETI
5. A Escala de Kardashev
6. Novas perspectivas de busca
Referências/Indicações/Links
INTRODUÇÃO.
Há muita especulação e dúvida
quanto à possibilidade da existência de vida extraterrestre, inteligente, que
tenha desenvolvido civilização e tecnologia para comunicação.
Tal dúvida já intrigou inúmeras
mentes humanas, e intriga até hoje, já que não encontramos nenhum sinal que
evidencie a hipótese. Buscamos sinais de civilizações inteligentes no universo,
mas ainda não achamos ninguém para partilhar conosco de nossa solidão, ou ainda
nos dar esperança que podemos superar nossa infância tecnológica e sobreviver
como espécie, sem nos aniquilarmos.
Um primeiro ponto a ressaltar é
que a questão esbarra no limite do conhecimento humano, e diretamente é
restrita por nossas capacidades tecnológicas atuais, sendo, portanto de difícil
resposta.
O assunto abordado vai se
restringir à possibilidade da vida extraterrestre, e não visar (apesar de
comentar os tópicos) a ufologia, nem a possibilidade de paleocontato, que
tratariam respectivamente de supostos seres extraterrestres interagindo com a
humanidade através de avistamentos/abduções e contato com alienígenas no
passado, como trata a Teoria dos Astronautas Antigos.
1. ORIGEM DA VIDA - BIOPOESE.
Foto: Nebulosa de Borboleta. Explosão de
supernova.
Um dos dados primordiais para tal
questionamento, e sobre o qual não temos nenhuma evidência maior, é sobre a
origem da vida.
A biopoese é a teoria
atualmente mais aceita para explicar a origem da vida. Prediz que os compostos
inorgânicos (elementos biogênicos), ao reagirem e se recombinarem durante
milhões ou bilhões de anos, sob algumas condições favoráveis da Terra primitiva
de alguma maneira iniciou a vida. Os elementos biogênicos são: metano, amônia,
gás carbônico, vapor d’água, água líquida, oxigênio, nitrogênio, carbono,
fósforo, enxofre, sob ação de alguns fenômenos naturais como os relâmpagos e o
bombardeamento de radiação e meteoritos.
A utilização do termo biopoese é
mais recente, para diferenciar de abiogênese ou geração espontânea, que seria a
tese refutada por Louis Pasteur, da qual a vida surgiria da não vida
espontaneamente e em tempo curto, não necessitando de um genitor. Outros
cientistas tentaram anteriormente refutar a tese, como experimentos bem
sucedidos, porém a hipótese da geração espontânea persistiu. Francesco Redi, em
1668, isolou pedaços de carne e protegeu de contato com moscas, e não aconteceu
a geração espontânea de larvas. Pensava-se anteriormente que as larvas surgiam
da carne, o que se mostrou errado.
A biopoese defende o
surgimento de vida da não vida, mas progressiva e lentamente, e tem respaldo
dos experimentos de Urey-Miller, de 1953 e Juan Oró, de 1961, que nas condições
da Terra primitiva, compostos orgânicos são formados naturalmente. A ciência
ainda não conseguiu demonstrar de que maneira os compostos orgânicos se
agrupariam para formar os primeiros seres vivos, mas as experiências sugerem
que foi um acontecimento natural, e uma evolução lenta do RNA para o DNA.
Talvez encontremos nos vírus (que são o limiar entre os seres vivos e
inanimados) a resposta para tais perguntas.
Em quais condições surge a vida?
Será a vida algo comum, com grandes possibilidades de emergir onde existam
alguns compostos básicos, com temperatura variante de 0ºC a 70ºC e água
líquida? Ou a vida é resultado de uma combinação muito peculiar, e de difícil
probabilidade?
Podemos buscar respostas para tal
questão dentro do Sistema Solar, trazendo novos percentuais para a Equação de
Frank Drake, em locais como os pólos de Marte, ou seu subsolo, as atmosferas de
Vênus e Júpiter, e os oceanos abaixo da crosta da lua de Júpiter, Europa.
Existe possibilidade real da existência de vida microbiana nestes locais, e em
Europa até mesmo vida de maior complexidade. Mesmo com nossa tecnologia que
permite a exploração destes mundos, temos que desenvolver novas maneiras de
detecção de vida e nos dedicarmos à exploração e busca que podem ajudar a
responder estas questões fundamentais. A área que atualmente dedica seus
esforços nesse sentido é a astrobiologia, ou exobiologia, e a própria NASA
possui um instituto astrobiológico.
Algumas descobertas científicas
mais recentes deram importantes passos na resolução de algumas destas dúvidas.
Investigamos a origem dos elementos químicos, e compreendemos que eles foram
forjados nos núcleos das estrelas de grande massa, e nas explosões de
supernova. A presença dos principais elementos necessários para a origem da
vida como a conhecemos – C, H, N, O, - é comum em toda a galáxia. Isso aumenta
exponencialmente a probabilidade da vida.
Outra descoberta recente diz
respeito aos planetas. Até 1990, o pensamento predominante no meio científico
era de que planetas orbitando estrelas eram de uma raridade imensa, quase uma
impossibilidade. Com o aprimoramento de meios de observação indiretos, como a
variação da magnitude estelar causada pelo trânsito de planetas ou a
perturbação gravitacional causada pelos planetas, que faz variar entre o azul e
vermelho as cores da estrela visualizada, e satélites especializados, tal como
o Kepler, tornou-se possível a quebra deste paradigma. Já foram localizados
mais de 2.000 planetas fora do Sistema Solar, e a proporção de ocorrência
destes chega a 80% nas estrelas observadas.
2. NÚMEROS
OBSERVÁVEIS DO COSMOS.
A astronomia é a ciência da
humildade, como sabiamente já foi dito. Pelo princípio da mediocridade, ela nos
mostra que somos partículas infinitesimais, que habitam um grão de poeira, que
não tem nada de especial. Observada da distância do planeta Saturno, a Terra é
somente um pontículo azul ínfimo, circundada pela escuridão profunda e suspensa
em um raio de Sol (Vide foto Pale Blue Dot).
Os números enormes da realidade
que nos cerca são muito espantosos. As descobertas das magnitudes e números
absolutos cosmológicos são recentes, e ainda estamos acostumando nosso
paradigma com as últimas observações.
Há um século, já tínhamos
consciência da grandeza da Via Láctea, nossa galáxia, mas não conhecíamos o
espaço profundo. Os dados são os que seguem: Nossa galáxia tem um diâmetro de
algo em torno de cem mil anos-luz. Um ano-luz é equivalente a quase 10 trilhões
de quilômetros. Nosso Sol é uma estrela comum.
Nossa galáxia tem aproximadamente
400 bilhões de estrelas. Mas a observação que causou maior assombramento
recente foi o Hubble Ultra Deep Field. (HUDF) A parte mais escura do céu
noturno (Vide foto) foi fotografada com 30 horas de exposição, revelando
aproximadamente 3.000 galáxias (Vide foto), em um minúsculo pedaço do céu. A
partir do HUDF e de outras observações, o número estimado de galáxias no
Universo visível saltou para 200 bilhões.
Embasando-se nas observações do
céu profundo e estimando-se que 50% das estrelas têm planetas em suas órbitas,
o número aproximado de planetas do universo seria de 2x10^22 ou 20.000.000.000.000.000.000.000.
Citando SAGAN, 2008:
“Toda cultura tem seu mito de criação – uma tentativa de compreender de onde veio o universo e tudo que ele contém. Quase sempre esses mitos são pouco mais que histórias inventadas por contadores de história. Em nossa época, temos também um mito da criação. Mas está baseado em evidências científicas sólidas. Diz mais ou menos o seguinte...
Vivemos em um
universo em expansão, cuja vastidão e antiguidade estão além do entendimento
humano. As galáxias que ele contém estão se afastando velozmente umas das
outras, restos de uma imensa explosão, o Big Bang. Alguns cientistas acham que
o universo pode ser um dentre um imenso número – talvez um número infinito – de
outros universos fechados. Uns podem crescer e sofrer um colapso, viver e
morrer, num instante. Outros podem se expandir para sempre. Outros ainda podem
ser delicadamente equilibrados e passar por um grande número – talvez um número
infinito de expansões e contrações. O nosso próprio universo tem cerca de 15
bilhões de anos desde a sua origem ou, pelo menos, desde a sua presente
encarnação, o Big Bang.
Talvez haja
leis diferentes da natureza e formas diferentes de matéria nesses outros
universos. Em muitos deles a vida talvez seja impossível, pois não há sóis nem
planetas, nem mesmo elementos químicos mais complicados do que o hidrogênio e o
hélio. Outros talvez tenham uma complexidade, diversidade e riqueza que
eclipsam as nossas. Se esses outros universos existem, nunca seremos capazes de
sondar seus segredos, muito menos visitá-los. Mas há muito a explorar no nosso.
O nosso
universo é composto de algumas centenas de bilhões de galáxias, uma das quais é
a Via Láctea. “A nossa galáxia”, como gostamos de chamá-la, embora ela
certamente não nos pertença. É composta de gás, poeira e aproximadamente 400
bilhões de sóis. Um deles, num braço obscuro da espiral, é o Sol, uma estrela
local – e pelo que sabemos, insípida, trivial, comum. Acompanhando o Sol em
suas viagens de 250 milhões de anos ao redor do centro da Via Láctea, existe um
séquito de pequenos mundos. Alguns são planetas, outros são luas, uns
asteróides, outros cometas. Nós, humanos, somos uma das 50 bilhões de espécies
que cresceram e evoluíram num pequeno planeta, o terceiro a partir do Sol, que
chamamos de Terra. Temos enviado naves espaciais para examinar setenta dos
outros mundos em nosso sistema, e para entrar nas atmosferas ou pousar na
superfície de quatro deles – a Lua, Vênus, Marte e Júpiter. Estamos empenhados
em realizar uma tarefa mítica.”
Foto: Pale blue dot. Fonte: NASA/ ESA/
JPL / Carl Sagan. Disponível em: <http://www.metaphysica.com/2011/06/sagans-pale-blue-dot/>
Foto: Ponto de captura da Hight Ultra
Deep Field. Fonte: NASA/ESA. Disponível em:
<http://xfinity.comcast.net/slideshow/news-science-galaxies/21/>
Foto: Fotografia de campo de alta
profundidade. Ultra Deep Field, Fonte: NASA, ESA, R. Windhorst (Arizona
State University) and H. Yan (Spitzer Science Center, Caltech). Disponível
em: <http://www.spacetelescope.org/images/opo0428b/>
Devem existir incontáveis mundos
com potencial para o desenvolvimento de vida inteligente e civilizações pelo
Cosmos, mas por que não estamos sendo bombardeados por sinais de rádio/TV de
outras civilizações ou sendo visitados por elas?
3. PARADOXO DE FERMI.
Imagem: Radiotelescópio
“Onde estão todos?”
Com os números acima postulados,
deveríamos estar recebendo diversos sinais de outras civilizações, ou a visita
delas, mas a escuridão circundante permanece absolutamente silenciosa.
O questionamento proposto
intrigou o físico Enrico Fermi, que passou a levantar algumas hipóteses para o
silêncio de nossos irmãos cósmicos.
Varias respostas são possíveis, e
não são exclusivas, duas ou mais podem coexistir ao mesmo tempo:
1- Podem existir pouquíssimas
civilizações em nossa galáxia atualmente, ou até mesmo uma única (humanidade).
Essas possibilidades são baseadas na hipótese da Terra rara, que estipula que o
surgimento da vida complexa multicecular (Metazoa) terrestre, bem como o
surgimento da vida inteligente, requereram uma série de eventos complexos muito
improváveis, que não teriam acontecido em praticamente nenhum lugar do
cosmos. A hipótese da Terra rara é contraria ao princípio da
Mediocridade, que afirma que a Terra é um planeta comum, em um sistema
planetário comum e numa galáxia comum. O princípio da mediocridade é defendido
por Frank Drake e Carl Sagan, entre outros. Novas descobertas, como de
exoplanetas telúricos em estrelas de baixa metalicidade, tendem a criticar a
hipótese da Terra rara.
2- Outra possível resposta ao
paradoxo de Fermi é que civilizações inteligentes tendem a se autodestruir,
assim que, ou pouco depois de alcançarem o desenvolvimento da tecnologia de
rádio. Possíveis meios de auto-aniquilação incluem guerra nuclear, guerra biológica,
contaminação acidental, catástrofe nanotecnológica, experimentos de alta
energia, criação de uma super-inteligência artificial mal programada ou
catástrofe malthusiana após deterioração do ecossistema planetário. Tais
hipóteses tendem a ser exploradas pela ficção científica, mas existem
assertivas sérias nesse sentido, como vistas na série Cosmos, de Carl Sagan.
3- A vida inteligente também pode
ter tendências naturais em destruir demais civilizações que encontrar, e como
evidência desse comportamento podemos observar o extermínio de demais espécies
hominídeas perpetrado pelo Homo sapiens, em sua ascensão como espécie
dominante. Civilizações que superaram o risco de autodestruição podem ver
outras espécies e culturas como vírus, e por prudência aniquilam essas
civilizações, conforme proposto pelo argumento do Cosmologista Edward Harrison
em 1981.
4- As civilizações existem, mas
por restrições de escala, tecnológicas ou falta de interesse de comunicação por
parte dos extraterrestres não conseguimos se comunicar com estas civilizações.
Existem outras tantas
alternativas, que podem explicar o paradoxo, e acessadas no link da Wikipédia
que trata do paradoxo de Fermi.
3.1. Avistamentos e
abduções – Ufologia
Imagem: Eu quero acreditar.
Neste ponto, poderá surgir um
questionamento daqueles que crêem que já estamos sendo visitados por
civilizações extraterrestres: Ora, mas não temos tantos relatos de avistamentos
de UFOS/OVNIS e abduções realizadas por extraterrestres?
Sim, temos milhares de relatos de
avistamentos, mas na grande maioria dos casos (99,9%), são explicados por
fenômenos naturais ou artefatos humanos que são mal identificados pelos
observadores, ou ainda, fraudes. Existe muita desinformação neste meio, e
muitas tentativas de se promover à custa de fraudes perpetradas contra aqueles
que acreditam nas estórias mirabolantes e teorias conspiratórias. E aqueles que
não são explicados, por que automaticamente deveriam se tratar de veículos tripulados
pilotados por seres extraterrestres? Existem muitas outras possibilidades que
não são sondadas, e faltam evidências destes supostos contatos.
O mesmo vale para as abduções. Muitos relatos, nenhuma evidência (exemplo: uma peça de manufatura alienígena), e uma explicação possível: Terror noturno. Pode até existir uma política de acobertamento por parte dos governos, mas até que surjam evidências que corroborem com as versões apresentadas, a posição mais sensata seria o ceticismo. Concordemos com a máxima de Sagan: “Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias”, ou ainda “Devemos manter nossa mente aberta, mas não tanto ao ponto que o cérebro caia dela”.
3.2. Paleocontato
(Astronautas antigos)
As máximas de Sagan acima
expostas valem para a hipótese de paleocontato. Apesar de alguns indícios de
que pode ter ocorrido no passado remoto contato com outras civilizações, faltam
evidências confiáveis e inquestionáveis para suportar esta hipótese.
Imagens que se assemelham a
astronautas, pássaros divinos que lembram aviões, contos mitológicos envolvendo
batalhas de deuses em máquinas voadoras que remetam a naves espaciais
(Vihmannas) podem ser indícios de um paleocontato, mas também podem simplesmente
ser fruto da imaginação humana. Precisamos de evidências extraordinárias, tal
qual um circuito elétrico, um motor, ou outra tecnologia avançada que date de
10.000 a.C., para que possamos dar mais credibilidade às hipóteses. Até lá, “Alegações
extraordinárias exigem evidências extraordinárias”, ou ainda “Devemos
manter nossa mente aberta, mas não tanto ao ponto que o cérebro caia dela”.
4. O SILÊNCIO
PERTURBADOR DO SETI
Imagem: Equação de Drake
O projeto SETI, do inglês Search
for Extra-Terrestrial Intelligence, é um projeto de busca de Inteligências
Extraterrestres, que utiliza principalmente os sinais de rádio, pois estas
representam, até então, a forma de transmissão de informação mais rápida conhecida.
Como resultado da análise de
nossa própria civilização, com ponto de vista notadamente (e talvez
erroneamente) antropocêntrico, estimamos que a tecnologia de rádio e a
capacidade de construção de um radiotelescópio é um avanço natural para espécies
tecnológicas. E os efeitos criados por essa tecnologia podem ser detectados
através das distâncias interestelares. Um observador distante do Sistema Solar,
por exemplo, notaria ondas de rádio incomumente altas para uma estrela G2, que
são resultado de nossas transmissões de telecomunicação e televisão. E na falta
de uma causa natural aparente, os observadores extraterrestres poderiam
atribuir tal fenômeno à existência de uma civilização, acertadamente.
A busca por sinais de rádio
provenientes de outras possíveis civilizações iniciou-se quando Frank Drake
apontou seu radiotelescópio para o céu, em 1960. Em 1971, a NASA fundou o
projeto SETI. Já foram realizadas tentativas deliberadas de tentativa de
contato com outras civilizações, como a mensagem de Arecibo, enviada em 1974,
em direção ao aglomerado estelar M13, que se encontra a 25.000 anos-luz da
Terra, com informações sobre o Sistema Solar, a Terra, nosso DNA, anatomia,
população da Terra. Até o momento, não houve detecção significativa que comprove
a existência de civilizações extraterrestres.
Em 15 de agosto de 1977, o sinal
“Wow” foi colhido pelo radiotelescópio The Big Ear, como um possível sinal de
outra civilização, restando em estudo e até o momento não comprovada sua
origem, já que reexames realizados posteriormente não detectaram novamente o
sinal.
Mesmo sem a detecção efetiva de
sinais, a escuta do céu ocasionou descobertas importantes à ciência, como os
pulsares e galáxias Seyfert. Os pulsares, quando detectados, devido à repetição
precisa de seus pulsos foram chamados de Little Green Man, ou LGM, palavra em
inglês para Pequenos Homens Verdes. Da mesma maneira, as galáxias Seyfert eram
suspeitas de ser acidentes industriais, graças à sua enorme e dirigida produção
energética.
Até o momento não detectamos
nenhum sinal comprovadamente de origem extraterrestre, mas podemos estar
procurando nas freqüências erradas, ou não procuramos por tempo suficiente. Com
o aumento da sensibilidade dos radiotelescópios, área de busca e capacidade
computacional, devemos continuar nessa empreitada. Como dito pela diretora
atual do SETI: “Se mergulharmos um copo no mar e não capturamos um peixe,
devemos presumir que não existe vida no oceano?”
5. A ESCALA DE
KARDASHEV
A Escala de Kardashev é
um método proposto pelo astrofísico russo Nikolai
Kardashev para medir o grau de desenvolvimento tecnológico de
uma civilização. Foi apresentado originalmente em 1964 e
utiliza-se de três etapas ou tipos, classificando as civilizações baseado na
quantidade de energia coletada, utilizada e processada e seu aumento
em escala logarítmica.
As três etapas de Kardashev são:
Tipo I - Uma civilização capaz de
aproveitar toda a energia potencial de um planeta, aproximadamente 1016 W.
A significação real dessa classificação é muito efêmera;
a Terra especificamente tem uma capacidade energética de
aproximadamente 1.74×1017 W. A definição original de Kardashev era de 4×1012 W.
(Kardashev definiu o Tipo I como "um nível tecnológico próximo ao nível
alcançado atualmente na Terra", "atualmente" significando 1964).
Tipo II - Uma civilização capaz
de aproveitar toda a energia potencial de uma estrela, aproximadamente
3.86×1026 W. A definição original de Kardashev era de 4×1026 W.
Tipo III - Uma civilização capaz
de aproveitar toda a energia potencial de uma galáxia, aproximadamente 1036 W.
Esta classificação é muito efêmera, já que as galáxias variam enormemente em
tamanho, formato e calor emitido. A definição original de Kardashev era de 4×1037 W.
Todas essas civilizações são
puramente hipotéticas até o presente momento. Entretanto, a Escala de Kardashev
é utilizada pelos pesquisadores do SETI, autores de ficção
científica e futurologistas como uma orientação teórica.
Zoltan Galantai, em uma revisão
do trabalho de Kardashev, propôs uma extrapolação da Escala para um Tipo IV,
uma civilização que aproveitasse até 1046W, ou seja, a energia potencial
do universo visível. Tal civilização ultrapassa todos os limites
possíveis de especulação científica, e é provavelmente inviável. Galantai
argumentou que uma civilização de tal magnitude tecnológica jamais poderia ser
detectada por sociedades menos avançadas, pois suas obras seriam
indistinguíveis de eventos naturais.
É comum o receio de entrarmos em
contato com outras civilizações, ainda mais se estas forem capazes de feitos
jamais sonhados em nossas maiores pretensões e ficções. O físico Stephen
Hawking recentemente fez uma declaração onde mostrou preocupação com nossos
sinais de rádio que são emitidos ao espaço profundo constantemente. Em sua
perspectiva, a inteligência tende a surgir em super predadores, que seriam
hostis, e poderiam nos destruir para roubar nossos recursos. Discordo. Uma
civilização de tais feitos não teria maior facilidade em buscar seus recursos
em planetas e luas não habitados, considerando que a distribuição de elementos
pelo universo é comum?
Para uma civilização de tipo III
ou II, nossa civilização seria como formigas. Uma analogia: Quantas vezes nos
mobilizamos, como civilização, para roubar recursos das formigas, ou
destruí-las? Ou ainda tentar explicar fórmulas matemáticas e conversar com
elas? Este poderia ser o motivo do silêncio universal.
6. NOVAS PERSPECTIVAS
DE BUSCA
Imagem: Esfera de Dyson
Foto: Geoffrey Marcy - astrônomo
Após 5 décadas de busca por
sinais provenientes de outras civilizações, sem qualquer evidência
incontestável, outras linhas de busca começam a ser exploradas. O astrônomo
Geoffrey Marcy (que descobriu uma maneira de observar a perturbação
gravitacional gerada pelos planetas em suas estrelas), sendo, portanto um
pioneiro da caça a planetas extra-solares, vai se dedicar a busca através de
outras evidências que não sejam os sinais de rádio. É um nome de peso e que
pode contribuir enormemente com o SETI. As duas novas áreas de pesquisa e
observação de Marcy serão as transmissões mais privativas e econômicas de laser
e as mega estruturas de escala estelar, como as esferas de Dyson.
A comunicação entre civilizações
não vai ser feita esticando-se cabos de fibra ótica entre estrelas,
provavelmente utilizará uma forma que não precise de meio de transmissão, como
as ondas eletromagnéticas: entre elas o rádio e o laser. As vantagens do laser
sobre o rádio, segundo Marcy, é que o mesmo é muito mais econômico, do ponto de
vista energético, além de ser privativo. O sinal de rádio vaza muito mais
facilmente que um laser apontado sobre um alvo pequeno. Críticas já foram
feitas à tentativa de Marcy. Justamente por ser um sinal mais privativo, seria
bem difícil de se detectar.
A busca por mega estruturas de
escala estelar é outra das linhas de pesquisa de Marcy. As esferas de Dyson são
estruturas teóricas concebidas pelo físico Freeman Dyson, que em 1959, após
observação das civilizações humanas, constatou que constantemente as mesmas
aumentam seu consumo de energia, e teoricamente, uma civilização com idade
suficiente iria precisar de toda a energia produzida por sua estrela. Por sua
necessidade energética, seria construída uma nuvem ou concha de objetos
circulando uma estrela para captar o máximo de sua energia. Ou várias camadas
destas conchas, resultando em um Cérebro Matrioshka. Tais construções de
astroengenharia iriam alterar drasticamente o espectro observável da estrela
envolvida, até mesmo torná-la praticamente invisível, mas ainda assim passíveis
de detecção à distância. Já existiram algumas tentativas prévias de localizar
evidências de uma esfera de Dyson ou outros artefatos de civilizações de tipo
II ou III da escada de Kardashev, que restaram infrutíferas.
Existem outras possibilidades de
detecção, que não serão abordadas pelo astrônomo Geoffrey Marcy, como por
exemplo, a busca por sondas de Von Neymann e sondas de Bracewell. As sondas de
Von Neumann seriam dispositivos auto-replicantes de exploração galáctica, e se
existirem poderiam ser encontradas no cinturão de asteróides, onde a
matéria-prima é abundante e de fácil acesso. As sondas de Bracewell seriam
sondas que buscam especificamente contato com outras civilizações, alojando
inteligência artificial para realização de contato prévio em tempo real, sem
suportar os longos atrasos que um diálogo por rádio/laser exigiria.
Desde a década de 50 foi
realizada exploração direta em uma fração do Sistema Solar e nenhuma evidência
de exploração ou visita por extraterrestres foi encontrada. A exploração mais
detalhada de áreas onde os recursos são abundantes, como o cinturão de
Asteróides, o cinturão de Kuiper e a nuvem de Oort podem ter mais chances de
encontrar evidências de exploração alienígena. Existiram esforços prévios nessa
direção, como os projetos SETA e SETV. Já foram também realizadas tentativas de
ativar ou atrair sondas de Bracewell na vizinhança local da Terra, pelos
cientistas Robert Freitas e Francisco Valdes, sem resultado. Existe a
possibilidade que um sistema de coleta de dados que seja baseado em
nanotecnologia molecular esteja neste exato momento ao nosso redor realizando
pesquisa, completamente indetectável.
Existem diversas possibilidades,
e grandes probabilidades de se encontrar os sinais de outras civilizações, a
julgar pelo tamanho do Universo. Apesar do aparente silêncio universal, os
benefícios de um contato seriam grandes, em relação aos custos que são empregados
em tais empreitadas. Como disse Geoffrey Marcy: “É hora de jogar os dados,
tentar algo bem improvável. Cientistas mais jovens não podem colocar seus ovos
nessa cesta, porque as chances de sucesso são baixas. Mas eu posso me dar ao
luxo”, e citando Sagan: “Se não existe vida fora da Terra, então o Universo é
uma grande desperdício de espaço”.
Referências/Indicações/Links
Livros:
SAGAN, Carl. Bilhões e bilhões = Billions and billions:
thoughts on life and death at the bink of the millennium. Tradução Rosaura
Eichemberg. São Paulo, Companhia das Letras, 2008.
SAGAN, Carl. Contato = Contact. Tradução Donaldson M.
Garschagen. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: A ciência
vista como uma vela no escuro = The Demon-Haunted World: Science as a Candle in
the Dark. Tradução Rosaura Eichemberg. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
Savage, Marshall T.. The Millennial Project: Colonizing the
Galaxy in 8 Easy Steps. Denver: Empyrean Publishing, 1992.
Webb, Stephen. If the Universe Is Teeming with Aliens… Where
Is Everybody?. [S.l.]: Copernicus Books, 2002.
Michaud, Michael. Contact with Alien Civilizations: Our
Hopes and Fears about Encountering Extraterrestrials. [S.l.]: Copernicus Books,
2006.
Wikipédia/Links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_de_Fermi
http://pt.wikipedia.org/wiki/Extraterrestre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Exobiologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida_extraterrestre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_da_Terra_rara
http://pt.wikipedia.org/wiki/Origem_da_vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abiog%C3%AAnese
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Kardashev
http://pt.wikipedia.org/wiki/SETI
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1076671-astronomo-cacador-de-planetas-agora-vai-procurar-ets.shtml
ZUCKERMAN, Ben and HART, Michael. Extraterrestrials: Where
Are They?
Evolving the Alien: The Science of Extraterrestrial Life
Youtube:
Oi, Pedro. Li tudo e ainda vou reler. Um abraço.
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