Eu queria ter um robô.
Eu queria assumir um pseudônimo. Um pseudônimo na vida toda. É, eu queria esconder. Queria esconder como me sinto mal em ver preconceitos, injustiças, corrupções. Não só a corrupção estatal e a corrupção do político, mas também a corrupção moral, a corrupção estética, a corrupção pessoal.
Por que eu queria ter um robô? Porque robôs, teoricamente, são programáveis. Até mesmo o preconceito do robô. Ele é assim porque alguém o fez assim e ele não tem culpa. Nós não! Nós temos culpa, todos nós. Nós temos culpa pela falta de educação, pela saúde precária, pelas lâmpadas na cara e pelos chutes na bunda, pelo dinheiro na cueca; nós temos culpa.