quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os erros que cometemos e dos quais somos vítimas



Interessante texto e reflexão do amigo Davi Viveiros Sant'Anna:

"Sempre me deparo com postagens de amigos e conhecidos que relatam: "Hoje deletei um fulano por causa disso ou ciclano me deletou por causa daquilo." Não que eu tenha uma objeção a este tipo de conduta. Eu mesmo já fiz comentários do tipo na minha linha do tempo. Mas fazendo uma reflexão maior sobre mim mesmo, cheguei à conclusão que este tipo de comentário é um tanto quanto deselegante, até bastante desnecessário por ser uma queixa sobre algo tão óbvio sobre o que fazemos e fazem conosco o tempo todo.

Quando tinha em torno de quatorze anos, comecei a jogar RPG. A grande maioria dos meus amigos eram de família religiosa, uns mais do que outros. Alguns anos depois, o RPG veio a cair em desgraça na mídia nacional, em virtude de crimes que nada tinham a ver com o jogo mas foram oportuna e absurdamente usados como explicação destes crimes por autoridades (delegados e juízes) de ideologia religiosa fundamentalista. Era o tempo de que "seu amigo RPGista era demoníaco". Muitas pessoas se afastaram de mim. Para algumas, não bastava deixar de ter uma amizade, era necessário deixar de cumprimentar na rua e ignorar sistematicamente, como se eu não existisse. Foi meio difícil entender isso na época. Tudo isso POR CAUSA DE UM JOGO.

Quando entrei na faculdade, foi uma questão de tempo para me interessar por fumar um baseado. Não era muito chegado em churrascos com cervejada ou baladas com música pop/mpb/eletrônica e eventualmente os interesses da galera alternativa que acendia um banza e curtia rock/metal acabaram se tornando os meus. Tendo vivido numa cidade pequena, quando um ficou sabendo que eu fumava, logo todos ficaram, incluindo a família. Novamente, uma remessa de "exclusões" se deram na minha vida. Conhecidos de infância se restringiram a manter um vínculo maior de amizade porque agora me definiam como um "maconheiro" ou coisa do tipo. Nesta época, já não me importava tanto, porque esses conhecidos de longa data já não eram tão próximos e os novos amigos da faculdade me interessavam muito mais, tanto que atualmente mantenho muito mais proximidade com esses do que os antigos conhecidos "da cidade".

Poderia citar mais uma lista de episódios que isso se passou na minha vida. Da época que comecei a treinar Capoeira e uns bocós do Kung Fu ficaram de cara virada comigo, quando comecei a namorar uma mulher de cor parda e os playboys que conhecia não gostaram da ideia, quando deixei uma outra associação de arte marcial para treinar com outra, quando assumi meu ateísmo e vários montes de merda não gostaram e por aí vai.

A reflexão é a seguinte: Se essas pessoas me "excluíram" de suas vidas ou de suas convivências é porque provavelmente nunca foram minhas amigas. E se foram em algum momento, tendo me conhecido em âmago, certamente não agiram como amigas quando optaram por uma separação de caminhos, ESPECIALMENTE por se tratar de motivos tão banais. É absurdo de pensar em pessoas que compram "brigas de internet" geradas em debates sobre política, filosofia, religião, etc e tomam isso como referência para julgar o caráter de outros. Acho justo um afastamento em virtude de diferenças inconciliáveis que tragam constante estresse, intimidação, constrangimento ou transformem discussões acaloradas em brigas reais onde um tem vontade de sair atrás do outro para enchê-lo de porrada - como eu costumo ter quando me deparo com covardes sem culhões que me vem falar coisas das quais eu sei que eles se cagariam em falar na minha cara. Enfim, cada um tem seus motivos para se aproximar ou se afastar de alguém e cabe a cada um dar o tom de seriedade ou importância do porquê o faz.

Além disso, aproveito a oportunidade para uma retratação: Há algum tempo atrás me afastei de várias pessoas - elas sabem quem são - por ter me inflamado dos mesmos motivos torpes que outros tiveram para se afastar de mim. Sim, preciso fazer esse mea culpa para que não pareça um completo hipócrita. Como todos sabem, é um desafio constante não se prender em "escolas ideológicas" e mais difícil ainda é se livrar do senso comum de julgar as pessoas pelos seus pensamentos e não pelo valor do caráter. Foi um erro que eu mesmo cometi, pois sentia-me fortemente influenciado por informações que hoje vejo serem totalmente equivocadas. Contudo, considero valioso o aprendizado, tanto o de ter sido julgado por filhos da puta e por ter sido outro filho da puta que julgou a outros. Agora me resta seguir em frente, me desculpar a quem queira ouvir meus pedidos de retratação e não errar mais.

Aos que se afastaram de mim por motivos relativamente sérios, que lhes pareçam justos, sinto muito e disponho-me para reparar o que pode ser reparado. Mas aos que desfizeram da minha amizade por uma fortuita discordância ou superficialidade qualquer, eu lhes dou a minha benção: Vão com Deus, que a Trindade Divina e a Santíssima Virgem Maria Mãe de Deus os guie para todo e o sempre. Amém.

Para os que ainda possam estar preocupados em policiar meus pensamentos, um adendo: Mediante uma generosa contribuição na minha conta bancária, permito-lhes escolher o que vou e o que não vou falar. De brinde, concedo uma postagem divulgando - não defendendo - qualquer "movimento social" que seja embasado em alguma teoria conspiratória ou de cunho revolucionário, desses que você tem que fazer um puta esforço e/ou ignorar evidências para defender. Huehuehue."

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