quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os erros que cometemos e dos quais somos vítimas



Interessante texto e reflexão do amigo Davi Viveiros Sant'Anna:

"Sempre me deparo com postagens de amigos e conhecidos que relatam: "Hoje deletei um fulano por causa disso ou ciclano me deletou por causa daquilo." Não que eu tenha uma objeção a este tipo de conduta. Eu mesmo já fiz comentários do tipo na minha linha do tempo. Mas fazendo uma reflexão maior sobre mim mesmo, cheguei à conclusão que este tipo de comentário é um tanto quanto deselegante, até bastante desnecessário por ser uma queixa sobre algo tão óbvio sobre o que fazemos e fazem conosco o tempo todo.

Quando tinha em torno de quatorze anos, comecei a jogar RPG. A grande maioria dos meus amigos eram de família religiosa, uns mais do que outros. Alguns anos depois, o RPG veio a cair em desgraça na mídia nacional, em virtude de crimes que nada tinham a ver com o jogo mas foram oportuna e absurdamente usados como explicação destes crimes por autoridades (delegados e juízes) de ideologia religiosa fundamentalista. Era o tempo de que "seu amigo RPGista era demoníaco". Muitas pessoas se afastaram de mim. Para algumas, não bastava deixar de ter uma amizade, era necessário deixar de cumprimentar na rua e ignorar sistematicamente, como se eu não existisse. Foi meio difícil entender isso na época. Tudo isso POR CAUSA DE UM JOGO.

Quando entrei na faculdade, foi uma questão de tempo para me interessar por fumar um baseado. Não era muito chegado em churrascos com cervejada ou baladas com música pop/mpb/eletrônica e eventualmente os interesses da galera alternativa que acendia um banza e curtia rock/metal acabaram se tornando os meus. Tendo vivido numa cidade pequena, quando um ficou sabendo que eu fumava, logo todos ficaram, incluindo a família. Novamente, uma remessa de "exclusões" se deram na minha vida. Conhecidos de infância se restringiram a manter um vínculo maior de amizade porque agora me definiam como um "maconheiro" ou coisa do tipo. Nesta época, já não me importava tanto, porque esses conhecidos de longa data já não eram tão próximos e os novos amigos da faculdade me interessavam muito mais, tanto que atualmente mantenho muito mais proximidade com esses do que os antigos conhecidos "da cidade".

Poderia citar mais uma lista de episódios que isso se passou na minha vida. Da época que comecei a treinar Capoeira e uns bocós do Kung Fu ficaram de cara virada comigo, quando comecei a namorar uma mulher de cor parda e os playboys que conhecia não gostaram da ideia, quando deixei uma outra associação de arte marcial para treinar com outra, quando assumi meu ateísmo e vários montes de merda não gostaram e por aí vai.

A reflexão é a seguinte: Se essas pessoas me "excluíram" de suas vidas ou de suas convivências é porque provavelmente nunca foram minhas amigas. E se foram em algum momento, tendo me conhecido em âmago, certamente não agiram como amigas quando optaram por uma separação de caminhos, ESPECIALMENTE por se tratar de motivos tão banais. É absurdo de pensar em pessoas que compram "brigas de internet" geradas em debates sobre política, filosofia, religião, etc e tomam isso como referência para julgar o caráter de outros. Acho justo um afastamento em virtude de diferenças inconciliáveis que tragam constante estresse, intimidação, constrangimento ou transformem discussões acaloradas em brigas reais onde um tem vontade de sair atrás do outro para enchê-lo de porrada - como eu costumo ter quando me deparo com covardes sem culhões que me vem falar coisas das quais eu sei que eles se cagariam em falar na minha cara. Enfim, cada um tem seus motivos para se aproximar ou se afastar de alguém e cabe a cada um dar o tom de seriedade ou importância do porquê o faz.

Além disso, aproveito a oportunidade para uma retratação: Há algum tempo atrás me afastei de várias pessoas - elas sabem quem são - por ter me inflamado dos mesmos motivos torpes que outros tiveram para se afastar de mim. Sim, preciso fazer esse mea culpa para que não pareça um completo hipócrita. Como todos sabem, é um desafio constante não se prender em "escolas ideológicas" e mais difícil ainda é se livrar do senso comum de julgar as pessoas pelos seus pensamentos e não pelo valor do caráter. Foi um erro que eu mesmo cometi, pois sentia-me fortemente influenciado por informações que hoje vejo serem totalmente equivocadas. Contudo, considero valioso o aprendizado, tanto o de ter sido julgado por filhos da puta e por ter sido outro filho da puta que julgou a outros. Agora me resta seguir em frente, me desculpar a quem queira ouvir meus pedidos de retratação e não errar mais.

Aos que se afastaram de mim por motivos relativamente sérios, que lhes pareçam justos, sinto muito e disponho-me para reparar o que pode ser reparado. Mas aos que desfizeram da minha amizade por uma fortuita discordância ou superficialidade qualquer, eu lhes dou a minha benção: Vão com Deus, que a Trindade Divina e a Santíssima Virgem Maria Mãe de Deus os guie para todo e o sempre. Amém.

Para os que ainda possam estar preocupados em policiar meus pensamentos, um adendo: Mediante uma generosa contribuição na minha conta bancária, permito-lhes escolher o que vou e o que não vou falar. De brinde, concedo uma postagem divulgando - não defendendo - qualquer "movimento social" que seja embasado em alguma teoria conspiratória ou de cunho revolucionário, desses que você tem que fazer um puta esforço e/ou ignorar evidências para defender. Huehuehue."

SciFi, Inteligências superiores retardadas e nanorrobôs autorreplicadores do apocalipse cinza




Durante o feriado de carnaval, tive a oportunidade de fazer uma mini-maratona de filmes de ficção científica, cuja temática exclusivamente tratava de contatos nada pacíficos com civilizações extraterrestres. Assisti três filmes, sendo eles: “Sinais”(Signs, 2002); “Guerra dos Mundos” (War of the Worlds, 2005) e “O Dia em que a Terra parou” (The Day the Earth Stood Still, 2008), e devo admitir certo descontentamento com os autores, nos dois primeiros.


***SPOILERS ABAIXO***







SINAIS

Sinais é um filme interessante, sob alguns aspectos. A narrativa nos coloca entre uma família pequena, residente em uma área rural de uma cidade pacata e afastada no interior dos EUA, durante uma invasão do planeta realizada por extraterrestres. A descoberta de novas informações pelos personagens, feitas em primeira mão (como no caso de avistamentos diretos, como na plantação – Olha o Spoiler! :D) e através da mídia é outro ponto bem trabalhado. 

Sou fã do trabalho de Mel Gibson. Acho que entre as principais qualidades de um ator está sua capacidade de transmitir as emoções do personagem para o expectador, de modo que este as compartilhe, equiparando-se com a empatia. E em todos os filmes que vi de Gibson como ator, compartilho das emoções de seus personagens. Principalmente nos momentos de ira e decepção de William Wallace, em Coração Valente, a dor da perda de seu filho e posterior explosão de fúria de Benjamin Martin, em O Patriota, ou Porter, de O Troco. 

Não é diferente neste filme, interpretando o papel do pai/viúvo/ex-pastor Graham Hess, que tenta conciliar a recente perda de sua esposa, a criação de dois filhos pequenos, o perdão do homem que destruiu sua família e fé (interpretado pelo produtor e diretor do filme, M. Night Shyamalan) com todo o clima apocalíptico que se aproxima. 

A parte tosca diz respeito aos “sinais” vistos pelo protagonista como provas da existência de uma força superior paternal (Que cuida dos humanos, mas quer que os aliens sifu). Antropocêntrico, meio babaca, mas típico de Shyamalan, como em Corpo Fechado. 

Mais detalhes sobre a história, com revelações sobre o enredo (Spoilers): http://pt.wikipedia.org/wiki/Signs





GUERRA DOS MUNDOS (2005)

Guerra dos Mundos é um filme tosco. Não pelo enredo, efeitos especiais, interpretação dos atores, mas pelo desfecho. Quer dizer que os extraterrestres ultra-fodões atravessam o Universo, com planejamento antecipado em milhares de anos, tem tecnologia de escudos defensivos que inutilizam todos os esforços militares humanos, e NÃO checam os riscos biológicos do local da invasão?!?! Dou um desconto porque a estória original é de 1898, escrita por H.G. Wells. Mas nem tanto porque a primeira observação de microorganismos data de 1673 e a introdução do termo Bacterium se deu em 1828. 

Existe um fato interessante sobre o livro. Em 30 de outubro de 1938, a rede de rádio CBS interrompe sua programação para noticiar uma suposta invasão alienígena. Na verdade, nada mais era que um programa semanal, onde a história de A Guerra dos Mundos era dramatizada em forma de programa jornalístico. Entretanto, houve grande pânico devido a um mal-entendido: Cerca de 6 milhões de pessoas sintonizaram no programa, sendo que metade delas sintonizou depois da introdução em que explicava que não passava de uma peça de ficção, calcula a própria CBS. Pelo menos 1,2 milhões de pessoas acreditaram ser um fato real, meio milhão teve certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando linhas telefônicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por ouvintes tentando fugir do perigo. O caos paralisou três cidades. O programa foi um sucesso de audiência, fazendo a CBS bater a emissora concorrente NBC. 

Maiores informações em: 









O DIA EM QUE A TERRA PAROU (2008)


O Dia em que a Terra parou é o melhor dos três. Refilmagem de um clássico homônimo de 1951, conta a estória de Klaatu, um extraterrestre que chega à Terra como embaixador/mensageiro de todas as civilizações da galáxia, para analisar a natureza humana e o risco que a humanidade pode trazer para o planeta e talvez para as demais civilizações. Motivo para tanto é que a Terra seria um dos poucos planetas da galáxia capazes de suportar grande variedade de espécies, sendo, portanto, raríssimo do ponto de vista biológico. A merda é que assim que o alienígena desce de sua esfera, envolto por um “casulo” de tecido embriológico, leva um tiro e tem que tratar do assunto com UMA representante do governo americano enquanto se recupera dos ferimentos. Diante da recepção “amigável”, forma sua convicção da natureza humana irreparável e destrutiva e inicia o processo de extermínio da espécie, após a coleta de exemplares biológicos da Terra. O extermínio utiliza como meio nanorrobôs autorreplicantes, conceito que já foi examinado por Freeman Dyson e John Von Neumann na década de 50. Interessante que o risco ocasionado pelos robôs será virtualmente e teoricamente possível, de manufatura humana, ao invés de alienígena, em algumas décadas. 

Por fim, o ET vê na humanidade uma fagulha de esperança e se sacrifica para salvar o mundo da destruição certa. 

Maiores informações em: 





Para os amantes de ficção, recomendo ambos os filmes, com ressalvas para o final cretino de Guerra dos Mundos. :D 



Obrigado pela leitura, e um abraço! 




REFERÊNCIAS 
















terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Darwin day, aquarianos e macacos pelados



Ueba! Hoje, 12 de fevereiro, comemoramos o Darwin Day, dia do nascimento de Charles Darwin, naturalista britânico que formulou a teoria da seleção natural, explicando de maneira bastante satisfatória toda a variedade dos seres vivos, através de mecanismos naturais, como a seleção natural, a mutação, a adaptação, entre outros, descobertos depois.

Nascido no dia 12 de Fevereiro, o véio é de Aquário, assim como eu, que nasci no dia 1 de Fevereiro. Que isso tem a ver? Nada, é claro. Signos e previsões astrológicas são uma bobagem, primeiro porque não existe nenhum meio conhecido e material/energético dos planetas nos influenciarem. Poderiam fazê-lo pelos métodos conhecidos, como a luz e gravidade. Mas qual seria a influência da luz da sua casa, muitas vezes mais forte que a luz recebida por Saturno, em sua vida? Ou ainda a atração gravitacional de um carro na rua, que também é muito maior que a atração gravitacional Saturnina sobre nós? Por estes motivos, principalmente, que acho a astrologia uma bobagem. As aparentes similaridades de nossas personalidades com as características dos signos são muito bem explicadas pelo Efeito Forer.

Outro grande motivo é que as constelações são arbitrariamente definidas, mudando de cultura para cultura. As estrelas relativas à cada constelação estão muito longe umas das outras. A única coisa que as torna ligadas é o ponto de vista da Terra. Confuso? Vou colocar aqui um desenho simples, para ilustrar.

Constelação de Órion, como vista da Terra.


Constelação de Órion, vista de outro ponto de observação paralelo à constelação e à Terra.


Por estes motivos, a astrologia e os signos "no makes senses". 

Voltemos à Biologia e Evolução. Na obra em que Charles Darwin expõe sua teoria, "A origem das espécies", percebe-se que um hobbie do pequenos Charles o incentivou a pensar na seleção natural. Seu hobbie era a criação de pombos, e a variedade destas aves, bem como a hereditariedade fizeram Darwin perceber que do mesmo modo que os criadores escolhiam quais indivíduos acasalariam, que características deveriam ter, etc, a natureza deveria fazer igual, por um mecanismo próprio. E eis que surge a ideia da seleção natural, feita pelo meio. Note-se que Darwin desconhecia as razões da hereditariedade, que viriam a ser conhecidas depois, através principalmente de Gregor Mendel e a genética.

Com o passar dos anos, a base de evidências da Teoria Evolucionista cresceu enormemente, e é considerada como o pilar central da biologia moderna, oferecendo uma explicação unificadora para toda a diversidade da vida na Terra. Aceita majoritariamente pela comunidade científica e rejeitada pelos fanáticos religiosos literalistas bíblicos. Muitos religiosos, não literalistas, também aceitam-na, pois não entra em conflito necessariamente com o criacionismo e a religião.

Existe amplo material na rede que trata da teoria, como o vídeo: http://vimeo.com/45298522#, entre outros tantos.

A Wikipédia também é fonte de informações detalhadas sobre Darwin e a Evolução:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o

Outros vídeos, do YT:






Noto que um dos aspectos da teoria evolucionista que mais causam repulsa, é nosso parentesco com os macacos. O homem não descende do macaco, temos um ancestral comum. Nós somos um tipo de macaco.



O tema é muito amplo para tratar rapidamente aqui. Qualquer dúvida, questionamento, proposta de debate, coloque nos comentários, e tentarei responder, na medida do possível.

Obrigado pela leitura, e um abraço!

Usamos só 10% do nosso cérebro?




Acabei de ver uma publicação da Sociedade Racionalista sobre o mito do uso de 10% do cérebro, e acredito que o assunto deveria ter ampla publicação. Não consigo precisar quantas milhares de trilhões de vezes já ouvi isso das pessoas como algo verdadeiro. "Só usamos 10% de nosso cérebro", geralmente com a continuação "Imagine quando usarmos 50%". Um mito que ganhou ampla repercussão e aceitação, não sei porquê motivos.

Post da SR: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=564673533543161
Já curtiu a Sociedade Racionalista? Curte aê!

Eis o texto:


Usamos só 10% do nosso cérebro?


O cérebro humano ainda guarda muitos mistérios. Apesar de haver evidências de que o estudo do sistema nervoso existe desde o Egito Antigo, foi só com o surgimento do microscópio, em 1890, que as pesquisas sobre o cérebro passaram a ser mais sofisticadas. Muitas das descobertas que persistem ainda hoje no campo da neurociência foram realizadas a partir de 1950.

As pesquisas atuais não cansam de nos surpreender. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, por exemplo, conseguiu “separar” a mente do corpo, fazendo com que as ondas cerebrais de um macaco nos EUA controlassem um robô no Japão.

Mas mesmo com todo o avanço, ainda há muito que descobrirmos sobre o cérebro humano. Por isso, é normal que alguns mitos sobre o funcionamento desse órgão prevaleçam na cultura popular. O mais famoso deles é aquele que diz que utilizamos somente 10% da nossa capacidade cerebral.

Afinal, usamos só 10% do nosso cérebro?

Você já deve ter ouvido falar que o ser humano usa apenas 10% do cérebro, certo? Pois bem, esse é um dos mitos mais populares e mais fáceis de serem quebrados. Para refutá-lo, basta fazer a seguinte pergunta: se isso é verdade, então para que servem os outros 90% do órgão? E a culpa, desta vez, é da televisão, que não raramente é acusada de estar emburrecendo os telespectadores.

De acordo com o site Snopes, especializado em desvendar hoaxes e mitos, essa informação equivocada surgiu em um anúncio de revista, no ano de 1998, que dizia: “Você usa apenas 11% do seu potencial”. Porém, quando a emissora norte-americana ABC resolveu usar a frase em propagandas para a série “The secret lives of men” , ela foi alterada para “Homens usam apenas 10% do cérebro”.

Depois disso, não demorou muito até que pseudo-cientistas e fieis da paranormalidade assumissem que os outros 90% do cérebro guardavam poderes psíquicos adormecidos, que podem ser reativados com o devido treinamento. Até mesmo o famoso Uri Geller, na introdução de um de seus livros, cita o fato.

Mas o fato é que isso não passa de bobagem. Lisa Collier Cool explica que, por meio de tomografias e ressonâncias magnéticas é possível constatar que atividades mentais complexas usam diversas áreas do cérebro e, ao fim do dia, o cérebro todo acabou trabalhando. Outra prova de que usamos muito mais do que os tais 10% é o fato de que uma lesão no cérebro, por menor que seja, pode trazer danos irreparáveis ao seu portador. Seria muito azar machucar justamente a porção funcional do órgão.


Leia mais: http://www.snopes.com/science/stats/10percent.asp
http://saude.hsw.uol.com.br/10-mitos-sobre-o-cerebro10.htm

Onde Estão Todos os Outros?



A questão "Onde estão todos os outros?" supostamente seria uma pergunta feita pelo físico Enrico Fermi durante um almoço na década de 50. Após levar em consideração a imensidão do universo, as probabilidades de existência de outras civilizações seriam altas, e deveríamos poder ouvir os sinais de rádio de outras civilizações, ao invés de um silêncio absoluto. Esta linha de raciocínio levou ao paradoxo de Fermi.

O paradoxo de Fermi é a aparente contradição entre as altas estimativas de probabilidade de existência de civilizações extraterrestres e a falta de evidências para, ou contato com, tais civilizações.

Escrevi um texto grande sobre a hipótese de vida extraterrestre, imensidão cósmica e seus números, entre outros fatores, que pode ser lido aqui: http://osentidodonada.blogspot.com.br/2012/07/ets-seti-esferas-de-dyson-e-hubble.html

Maiores informações específicas sobre o Paradoxo de Fermi:

Abaixo, um texto publicado pela Scientific American Brasil, que trata da busca de vida fora da Terra, muito interessante. O original pode ser encontrado em: 
Créditos de Eduardo Dorneles Barcelos e Jorge Alberto Quillfeldt.



Onde Estão Todos os Outros?

Marte é o principal e mais acessível laboratório planetário para o teste experimental da hipótese exobiológica. Frustração das Viking levou o planeta a um esquecimento temporário.


Eduardo Dorneles Barcelos e Jorge Alberto Quillfeldt

A hipótese exobiológica, ou seja, a hipótese de que existe vida em outros locais do Universo,é antiga como nossa civilização, tendo experimentado sucessivos ressurgimentos em função de determinadas descobertas científicas: desde os "canais de Marte", equivocadamente descritos por Lowell no final do século 19, até o impacto dos experimentos de síntese de biomoléculas em ambientes primitivos simulados por Stanley Miller em 1953. Sempre houve breves ciclos de euforia seguidos de longas pausas céticas. Após milênios de especulações sobre a possibilidade de que não estejamos a sós no Universo, a ciência deflagrou um aparato de investigação para a busca de formas de vida, inteligentes ou não, localizadas no Sistema Solar ou entre as estrelas.

Tudo começou no final dos anos 50, quando o vôo espacial ainda engatinhava e a própria biologia moderna recém iniciava sua revolução. Naquele momento não tínhamos ferramentas para testar in loco a hipótese exobiológica. Porém, se o bom senso sugeria que a vida era possível em outras paragens, por que também não vida inteligente? Daí a supormos a existência de civilizações tecnológicas com capacidade de comunicação, era um passo. A vantagem estava em que, se tais civilizações existissem e empregassem ondas de rádio como fazemos, já dispúnhamos de tecnologia capaz de detectá-las, bastando um programa sistemático de busca.

Foi o que propuseram Cocconi e Morrison em artigo publicado na revista Nature em 1959. O que antes não passava de um prudente capítulo final em alguns livros-texto de astronomia, atingiu o status de hipótese científica testável experimentalmente, algo essencial. A ciência não aceita hipóteses que não possam ser testadas de alguma forma.

Em abril de 1960, no Observatório Nacional de Radioastronomia, em Green Bank, na Virgínia Ocidental, o radioastrônomo americano Frank Drake iniciava-se a busca de civilizações extraterrestres por sinais de rádio, também conhecida como Seti (sigla em inglês para "busca de civilizações extraterrestres"). As observações pioneiras efetuadas em Green Bank (projeto Ozma) representaram não apenas um marco histórico, mas, também, metodológico. Elas fixaram os padrões seguidos por vários projetos sucessores, como Phoenix, Meta/Beta (que inclui radioescutas feitas na Argentina) e o Serendip (no radiotelecópio de Arecibo).

Desde então os radioastrônomos têm vasculhado o céu, especialmente no entorno de estrelas próximas candidatas a abrigar planetas habitáveis em sua órbita. À época não se conheciam planetas fora do Sistema Solar. O que se busca é a detecção de emissões que sejam indiscutivelmente não-naturais, e espera-se poder também "decifrá-las", caso as encontremos. Para que esta empreitada não seja como buscar agulha em palheiro é decisivo escolher a freqüência de rádio correta, daí os primeiros projetos se concentrarem nos 1420 MHz (21 cm), a chamada linha do hidrogênio, radioemissão natural mais bem conhecida emitida pelo elemento químico mais comum do Universo. Outras "freqüências mágicas", como o "buraco d\\`água" (emissões do H e do OH) também foram investigadas, mas atualmente, com os avanços técnicos disponíveis, são possíveis varreduras em janelas bem mais amplas do espectro de rádio.

Quatro décadas de busca, porém, não parecem ter sido suficientes, pois até hoje nada foi encontrado. Isso pode significar que não há nada, como temem alguns. Mas podem indicar que essa procura não é algo simples e direto. A ausência de sinais de civilizações extraterrestres não prova que elas não estejam lá, que não tenham estado, ou que não venham a estar um dia, mas é profundamente incômoda, como as sereias de Kafka, que -têm uma arma ainda mais fatal que seu canto, que é o seu silêncio - (do conto "O Silêncio das Sereias", de Franz Kafka)

SETI@home: participação popular na pesquisa

CENTO E SETE SEGUNDOS DE SINAIS DE RÁDIO REGISTRADOS em uma banda com 2,5 milhões de Hz de largura centrada no "buraco d\\`água" (1420 MHz) e cobrindo ponto a ponto (setores de 0,1o X 0,6o) cerca de 1/3 de toda a abóboda celeste. Nisto consiste o mais importante projeto Seti da atualidade, realizado na antena de Arecibo, em Porto Rico. O problema da interpretação destes registros supera, em muito, as eventuais dificuldades em fazê-los. A quantidade de informação bruta acumulada para se analisar é espantosa e exigiria muito tempo de processamento, mesmo com os melhores e maiores computadores disponíveis. Uma solução criativa recente foi o projeto SETI@home (http://setiathome.ssl.berkeley.edu), original em sua eficiência e baixo custo, pois divide os registros brutos em milhares de pequenos pacotes distribuídos pela Internet a voluntários em todo o mundo que processam, em seus computadores pessoais, a análise matemática dos sinais utilizando um programa embutido em um protetor de tela. Com isso se "pega carona" na enorme ociosidade da maioria dos computadores domésticos. O plano original previa 100 mil voluntários em 1999, mas, hoje, já passam dos 4,7 milhões os entusiastas que usam seus PCs para fazer algo mais que apenas escrever textos e navegar pela Internet: o número total de horas de processamento ultrapassou 1,66 milhão de anos. O projeto original já foi completado e 1.430 "candidatos", isto é, sinais gaussianos confirmados, presentemente sendo reobservados e reanalisados em maior detalhe. Esta concepção de computação distribuída revelou-se tão revolucionária e eficaz que já começa a estender-se a outras áreas como a biologia molecular (folding@home) e a climatologia (climateprediction.net). O projeto Astropulse de astrofísica está, no momento testando a interface Boinc - Berkeley Open Infrastructure for Network Computing, que pretende disponibilizar computação distribuída de forma genérica e flexível a qualquer área de pesquisa que demande tão larga escala.

PROJETO VIKING, que fez duas naves descerem em Marte nos anos 70, sofreu críticas por ser pouco imaginativo e buscar formas de vida não muito diferentes das terrestres. Frustração em encontrar sinais de compostos orgânicos contradiz expectativa de sua ocorrência, especialmente em função da constante colisão de meteoritos, trazendo moléculas orgânicas complexas ou formas elementares de vida.

Vikings em Marte

NA INVESTIGAÇÃO DO SISTEMA SOLAR OS ESFORÇOS não diminuíram, até porque há interesses econômicos e político-estratégicos em jogo, como o acesso a matérias-primas. O primeiro estudo exobiológico in situ foi realizado pelas sondas Viking I e II da Nasa, que desceram em Marte em 1976. Marte sempre foi tido como o mais promissor planeta de "tipo terrestre" potencialmente capaz de abrigar vida hoje, ou de tê-la abrigado no passado.

VAs Viking portavam a primeira bateria de ensaios experimentais capazes de levantar indícios de vida microscópica, segundo a melhor compreensão da época: testes químicos simples com amostras do solo em busca de evidências de processos metabólicos que liberassem ou captassem de determinadas moléculas gasosas. A esperança era obter indícios da presença de microrganismos semelhantes aos terrestres no solo marciano. Mas os resultados foram ambíguos, se não negativos. Para cúmulo, não se detectou qualquer composto orgânico na superfície de Marte, o que era surpreendente, pois no mínimo haveria material deste tipo introduzido por meteoritos que sempre bombardearam aquele mundo.

Anos mais tarde começaram a surgir novas evidências que explicariam os resultados negativos: além da descoberta de algumas argilas capazes de atuar como eficientes catalisadores e "imitar" reações metabólicas, outro elemento-chave seria o papel dos superóxidos de ferro concentrados próximos ao solo marciano. Este material seria gerado pela intensa incidência de radiação ultravioleta solar sobre os óxidos de ferro presentes nos minerais de cor vermelha característicos do planeta (por isso Marte é vermelho). Devido à fraca gravidade, Marte possui uma atmosfera muito tênue, com quase nenhum oxigênio, razão pela qual não dispõe de uma camada de ozônio capaz de barrar radiações nocivas como o UV. Trata-se, portanto, de uma superfície completamente inóspita a qualquer tipo conhecido de microorganismo, e até mesmo para a maioria das biomoléculas. Ou seja, deveríamos começar a vasculhar abaixo do solo. Isso só será possível a partir das novas expedições que chegarão ao planeta.

A Nova Astrobiologia

ALGUNS CRITICAM OS EXPERIMENTOS DASVIKING por terem sido pouco imaginativos e buscar apenas o que já se conhecia. Afinal, a vida poderia ser um fenômeno muito mais complexo e distinto do que conhecemos na Terra. Questiona-se, assim, por que buscar metabolismos - do tipo terrestre - , que eliminem CO2 e/ou consumam H2O, ou mesmo que se baseiem no carbono. Neste ponto devemos destacar a lição de método científico que nos provê este primeiro experimento exobiológico real. Muitos crêem que a ciência tudo pode, mas essa expectativa não é real. Para atender aos critérios de refutabilidade, consistência e reprodutibilidade a ciência deve avançar com cautela e elaborar hipóteses de trabalho testáveis, portanto, essencialmente conservadoras. Somente conhecemos um tipo de metabolismo, com poucas variações. Nossa biologia somente compreende seres vivos baseados em moléculas de carbono, água e confortáveis superfícies planetárias, ou seja, condições relativamente constantes (e baixas), de temperatura, pressão, campo gravitacional e radiação ionizante. É dentro deste saudável conservadorismo metodológico que a exobiologia - ou astrobiologia, como vem sendo chamada mais freqüentemente - opera suas primeiras buscas, uma tarefa complexa que demandará décadas de esforços das melhores inteligências científicas. Aqui, a distinção entre ciência e ficção científica (ou a pseudociência) é decisiva. A ficção existe para nos encantar e motivar, mas somente a ciência é capaz de descobrir e comprovar.

As Características da Vida

OS BIÓLOGOS SEMPRE FORAM MUITO CRÍTICOS DO PROJETO SETI, em parte pelo estágio em que se encontravam seus conhecimentos. Em sua percepção, a vida era concebida (a) como um evento raro e (b) um processo extremamente delicado, restrito necessariamente a certas condições muito especiais. Foi somente com a descoberta de uma nova classe de criaturas - os extremófilos - que esta visão se modificou.

Extremófilos são organismos unicelulares (bactérias e arqueobactérias) capazes de viver e reproduzir-se em ambientes antes considerados demasiadamente "extremos" para permitir a vida. Nas últimas duas décadas diversos microrganismos, e mesmo organismos maiores desse tipo, foram descritos: bactérias capazes de viver em águas a até 113oC, no gelo a -15oC, sob centenas de atmosferas de pressão, em ambientes extremamente ácidos (ou alcalinos), de alta salinidade, quimicamente letais (com metano ou gás sulfídrico), ou até mesmo bactérias resistentes a doses de radiação muito acima do limite máximo tolerável para os seres humanos. Mais estranhos ainda são os microrganismos litoquimioautotróficos, que vivem no interior de rochas a alguns quilômetros de profundidade e sobrevivem independentemente de oxigênio e luz solar. Esses achados indicam que a vida na Terra exibe tenacidade e amplitude de nichos muito mais vastas que se imaginava. Sugerem, portanto, uma maior diversidade de contextos bióticos extraterrestres que vale a pena investigar. Assim, a astrobiologia conseguiu atrair o interesse dos biólogos para uma área que era, antes, domínio quase exclusivo de astrônomos e físicos, mas o enfoque também deslocou-se da Seti para a busca de microrganismos.

Marte Ataca

MARTE RETORNOU AO NOTICIÁRIO EM 1996, quando uma equipe de investigadores da Nasa anunciou ter descoberto evidências de vida microscópica fóssil em um meteorito oriundo desse planeta, encontrado na Antártida. Se confirmada, a descoberta dos exobiólogos americanos colocaria um ponto final em uma longa controvérsia filosófica, religiosa e científica, ao assegurar a presença - passada, neste caso - de uma forma de vida não-terrestre. Processos estritamente inorgânicos, porém, foram aventados para explicar a presença das moléculas orgânicas detectadas na rocha e, além disso, nenhum fóssil terrestre de dimensões comparáveis foi encontrado até o momento. Aliás, se fossem fósseis verdadeiros, pertenceriam a organismos pequenos demais para constituir seres viáveis, 1.000 vezes menores que a menor bactéria conhecida.

Marte é um dos planetas mais semelhantes à Terra no Sistema Solar, principalmente por situar-se, se não dentro, muito próximo à zona de habitabilidade, uma faixa ao redor do Sol situada a distâncias que permitem temperaturas compatíveis com a presença de água líquida. Apesar de sua posição, porém, Marte é menor e menos denso que a Terra, o que implica em uma gravidade superficial equivalente a um terço da nossa. Essa diferença tem conseqüências graves, pois sua atmosfera não consegue reter moléculas mais leves como o oxigênio ou o vapor d\\`água, predominando o CO2, e, mesmo assim, em baixíssimas pressões. Vale lembrar que sob pressão tão baixa a água não ocorre na forma líquida, o que representa uma dificuldade para a presença de vida hoje na superfície de Marte, ainda que não exclua a possibilidade de esta presença em passado remoto, há mais de 3 bilhões de anos, quando a atmosfera era mais densa.

Marte, por tudo isso, é o principal e mais acessível laboratório planetário para o teste experimental da hipótese exobiológica. Após a frustração dos experimentos da Viking seguiu-se um intervalo de quase 20 anos em que o planeta foi esquecido. Missões russas, americanas, japonesas e européias voltaram a enfocá-lo na última década, e em poucos anos nosso conhecimento sobre Marte aumentou mais que em toda história anterior (ver "As Misteriosas Paisagens de Marte", SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, julho de 2003). Dentre todas as características da superfície marciana evidenciadas pelas imagens de altíssima qualidade da missão Mars Global Surveyor (Nasa, 1997), destacam-se os inúmeros indícios de atividade hidrológica passada, com a possibilidade de alguns eventos menores e recentes. Até maio de 2002, contudo, a água de Marte não passava de uma sugestão baseada em evidências indiretas: neste mês, foi confirmado, pela sonda Mars Odyssey (Nasa), a presença de água, certamente congelada, abaixo da superfície empoada e estéril de Marte, possivelmente o mais importante achado exobiológico neste século.
Entre este mês e o começo de 2004, Marte voltará aos noticiários em grande estilo, quando nada menos que quatro novas sondas estarão chegando ao planeta vermelho para estudá-lo. A Nozomi/Planet-B (Jaxa/Japão, 1998) possui um módulo orbital que estudará a atmosfera e a ionosfera de Marte. A Nasa enviou este ano dois rovers, os Mars Exploration Rover Mer-A e B em duas naves, a Spirit e a Opportunity, que realizarão ensaios geológicos e de busca de água. A mais exobiológica destas missões, porém, é a européia Mars Express (Esa), que inclui um módulo orbital e um de pouso, o Beagle 2, cujo nome homenageia a embarcação em que Charles Darwin elaborou a teoria da evolução. Apesar de não ser tão móvel e autônomo quanto os Mer, ele será capaz de responder a três perguntas básicas: (1) se existe água, carbonatos e matéria orgânica (há condições para a vida?); (2) se a matéria orgânica tem estrutura ordenada e que proporções de isótopos do carbono possui (surgiu vida em algum momento?); (3) se há metano na atmosfera de Marte (há vida em atividade hoje?).

O Legado de um Ancestral Comum

UMA POSSIBILIDADE SURPREENDENTE É QUE DETECTEMOS vida microscópica em Marte mas ela venha a ser exatamente igual à terrestre, isto é, seja composta exatamente pelas mesmas biomoléculas, com o mesmo código genético. Isto provaria que derivamos, todos, de um mesmo ancestral comum, como é o caso de todos os seres vivos terrestres conhecidos até o momento. Como prova o próprio meteorito marciano ALH84001, rochas de um planeta podem ser ejetadas (por erupções ou impactos) e "viajar" até outro mundo levando matéria orgânica e, possivelmente, bactérias extremófilas que poderiam sobreviver a esta jornada dentro da rocha e inseminar vida em planetas vizinhos (possibilidade teórica chamada de panspermia balística).

Assim, é possível que organismos terrestres tenham colonizado Marte em algum momento do passado ou, ao contrário, a vida terrestre tenha vindo de lá, onde o solo e a atmosfera se estabilizaram antes. Descobriríamos ser "marcianos". Mas restaria um grande problema: o número N de formas de vida conhecida no Universo continuaria sendo 1 (apesar de o número de planetas ser 2). E com N=1 a hipótese exobiológica ainda não estaria verdadeiramente comprovada

Depois de Marte, os melhores candidatos a abrigar a vida no Sistema Solar não são planetas, mas luas orbitando gigantes gasosos como Júpiter e Saturno. Europa, por exemplo, uma das quatro maiores luas jupiterianas, mostrou características incomuns desde as primeiras imagens das sondas Voyager no fim dos anos 70: uma superfície quase sem relevo, sete vezes mais brilhante que nossa própria Lua e constituída basicamente por gelo de água. As imagens da sonda Galileo na segunda metade dos anos 1990 revelaram surpreendentes detalhes dessa lua glacial, com padrões possivelmente causados por sucessivos derretimentos e movimentos das placas de gelo, cuja explicação pode residir na existência de um oceano líquido por baixo da capa glacial. Isso, apesar de ainda não inteiramente comprovado, é perfeitamente possível se considerarmos que Europa, devido à excentricidade de sua órbita, sofre um forte efeito de maré gravitacional de seu planeta-mãe, Júpiter. Como conseqüência, Europa deve possuir um núcleo metálico quente e fundido que serviria de base para alguma atividade geológica submarina.
A prospecção do oceano de Europa não é tarefa simples e vem cercada de uma série de cuidados para evitar contaminação por microorganismos terrestres. Estudos preparatórios estão sendo feitos na Antártida (ver "Exobiologia na Antártida") onde há lagos enormes aprisionados sob quilômetros de gelo há milhões de anos, como o Vostok. Também estão sendo testados robôs submarinos autônomos junto às fumarolas submarinas de Lo-ihi, no Havaí. Com as lições de Vostok e Lo-ihi, estaremos preparados para perfurar a calota de Europa em busca de evidências de vida, mas isto não deve ser levado a cabo antes da segunda década deste século. DOS ENIGMAS DE EURORA, UMA DAS QUATRO GRANDES LUAS DE JÚPTER

Europa, uma das luas de Júpiter descobertas por Galileu em 1609, pode ter um oceano profundo encobrindo um núcleo rochoso, com uma superfície gelada como os mares polares na Terra. Perfurar a camda de gelo e mergulhar um robô no oceano de Europa pode abrir uma nova fronteira para a compreensâo da natureza e da diversidade da vida.

As Brumas de Titã

OUTRO INTERESSANTE CANDIDATO É TITÃ, a maior lua de Saturno, que chega a ser maior que o planeta Mercúrio. Titã é o segundo maior satélite do Sistema Solar (atrás apenas de Ganimedes) e o único que possui atmosfera densa. Apesar de muito distante do Sol, Titã deve possuir um intenso efeito estufa em sua atmosfera predominante de nitrogênio, metano e hidrogênio gasoso, opaca à luz. Apesar disso, sua superfície foi mapeada em infravermelho pelo Telescópio Espacial Hubble, revelando um relevo diversificado que, supõe-se, pode incluir lagos de etano regados a chuvas de metano. Titã parece ser um ambiente propício para a síntese pré-biótica de vida, por isso será estudado em 2004 pela sonda Huyghens.

Durante séculos supôs-se a existência de planetas ao redor de certas classes de estrelas. Somente nos últimos poucos anos, porém, começamos a detectar os primeiros planetas extra-solares. A coleta extensiva de dados de estrelas próximas combinada ao desenvolvimento de novas técnicas associadas à astrometria permitiu a ampliação da capacidade de detecção planetária extra-solar a partir de 1995.
Desde então, dezenas de planetas têm sido comprovados, quase que semanalmente, por diferentes técnicas. Embora submetidos a certas restrições metodológicas que fazem com que somente planetas gigantes gasosos sejam detectáveis, o número total oficial já passou de 100. Diversos programas empregando diferentes técnicas observacionais estão em andamento, tanto em terra (Elodie, Coralie, VLTI, Keck I), quanto no espaço (Fame, Sim, Gaia).

Observações mediante satélites especiais começam a somar esforços, como é o caso da missão Corot (Esa) - com participação brasileira -, e culminarão, na próxima década, em dois sistemas espaciais de interferometria de grande sensibilidade, o TPF - Terrestrial Planet Finder (Nasa) e o Darwin (Eso): livres da interferente atmosfera terrestre, poderão fazer registros em comprimentos de onda como o infravermelho, sendo capazes de detectar pequenos planetas de porte semelhante ao nosso e analisar suas atmosferas em busca de promissoras bioimpressões (biosignatures), como vapor d\\`água, oxigênio, ozônio e metano. Enquanto não pudermos viajar até lá, estas bioimpressões serão tudo que teremos para inferir a existência de vida nesses mundos distantes.
-A idéia de que a vida se manifesta em outros locais do Universo não é nova e tem passado por sucessivas ondas de esquecimento ressurgimento.

-As investigações utilizando radiotelescópios foram iniciadas por Frank Drake, radioastrônomo americano, em abril de 1960, no Observatório Nacional de Radioastronomia, em Green Bank, Virgínia Ocidental.

-A freqüência inicial se concentrou em 1.420MHz, da linha do hidrogênio.

-As naves Viking I e II, em Marte, buscaram sinais de vida com resultados controvertidos.

-A nova astrobiologia deslocou seu enfoque da Seti para a busca de microrganismos, atraindo muitos biólogos para este campo.

Referências


Telegramas para Marte: a busca científica de vida e inteligência extraterrestres. Eduardo D. Barcelos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001.

Viagem a Marte: A busca da Nasa por vida fora da Terra. Laurence Bergreen, Rio de janeiro, Editora Objetiva, 2002.

Marte: Novas Descobertas. Oswaldo Massambani; Marta Mantovani (orgs.). São Paulo: IAG/USP, 1997 (introdução geral escrita por cientistas brasileiros).

Sós no Universo? Por que a vida inteligente é improvável fora do planeta Terra.Peter D. Ward; Donald Brownlee. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.



Reportagem publicada pela Revista Scientifc American Brasil
Créditos de Eduardo Dorneles Barcelos e Jorge Alberto Quillfeldt.
Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/onde_estao_todos_os_outros_.html
Todos os créditos e direitos mantidos.

O amor é uma falácia


Texto bem interessante.




M. Sulman

Eu era frio e lógico. Sutil, calculista, perspicaz, arguto e astuto - era tudo isso. Tinha um cérebro poderoso como um dínamo, preciso como uma balança de farmácia, penetrante como um bisturi. E tinha - imaginem só - dezoito anos.
Não é comum ver alguém tão jovem com um intelecto tão gigantesco. Tomem, por exemplo, o caso do meu companheiro de quarto na universidade, Pettey Bellows. Mesma idade, mesma formação, mas burro como uma porta. Um bom sujeito, compreendam, mas sem nada lá em cima. Do tipo emocional. Instável, impressionável. Pior do que tudo, dado a manias. Eu afirmo que a mania é a própria negação da razão.
Deixar-se levar por qualquer nova moda que apareça, entregar a alguma idiotice só porque os outros a segue, isto, para mim, é o cúmulo da insensatez. Petey, no entanto, não pensava assim.

Certa tarde, encontrei-o deitado na cama com tal expressão de sofrimento no rosto que o meu diagnóstico foi imediato: apendicite.

- Não se mexa. Não tome laxante. Vou chamar o médico.
- Couro preto - balbuciou ele.
- Couro preto? - disse eu, interrompendo a minha corrida.
- Quero uma jaqueta de couro preto - disse.
Percebi que o seu problema não era físico, mas mental.

- Por que você quer uma jaqueta de couro preto?
- Eu devia ter adivinhado - gritou ele, socando a cabeça - Devia ter adivinhado que eles voltariam com o Charleston. Como um idiota, gastei todo o meu dinheiro em livros para as aulas e agora não posso comprar uma jaqueta de couro preto.
- Quer dizer - perguntei incrédulo - que estão mesmo usando jaquetas de couro preto outra vez?
- Todas as pessoas importantes da universidade estão. Onde você tem andado?
- Na biblioteca - respondi, citando um lugar não freqüentado pela pessoas importantes da Universidade.
Ele saltou da cama e pôs-se a andar de um lado para o outro do quarto.
- Preciso conseguir uma jaqueta de couro preto - disse, exaltado - Preciso mesmo.
- Por que, Pety? Veja a coisa racionalmente. Jaquetas de couro preto são desconfortáveis. Impedem o movimento dos braços. São pesadas, são feias, são ...
- Você não compreende - interrompeu ele com impaciência - é o que todos estão usando. Você não quer andar na moda?
- Não - respondi, sinceramente.
- Pois eu sim - declarou ele - daria tudo para ter uma jaqueta de couro preto. Tudo.
Aquele instrumento de precisão, meu cérebro, começou a funcionar a todo vapor.
- Tudo? - perguntei, examinando seu rosto com olhos semicerrados.
- Tudo - confirmou ele, em tom dramático.
Alisei o queixo, pensativo. Eu, por acaso, sabia onde encontrar uma jaqueta de couro preto. Meu pai usara um nos seus tempos de estudante; estava agora dentro de um malão, no sótão da casa. E, também por acaso, Petey tinha algo que eu queria. Não era dele, exatamente, mas pelo menos ele tinha alguns direitos sobre ela. Refiro-me à sua namorada, Polly Spy.
Eu há muito desejava Polly Spy. Apresso-me a esclarecer que o meu desejo não era de natureza emotiva. A moça, não há dúvida, despertava emoções, mas eu não era daqueles que se deixam dominar pelo coração. Desejava Polly para fins engenhosamente calculados e inteiramente cerebrais.
Cursava eu o primeiro ano de direito. Dali a algum tempo, estaria me iniciando na profissão. Sabia muito bem a importância que tinha a esposa na vida e na carreira de um advogado. Os advogados de sucesso, segundo as minhas observações, eram quase sempre casados com mulheres bonitas, graciosas e inteligentes. Com uma única exceção, Polly preenchia perfeitamente estes requisitos.
Era bonita. Suas proporções ainda não eram clássicas, mas eu tinha certeza de que o tempo se encarregaria de fornecer o que faltava. A estrutura básica estava lá.
Graciosa também era. Por graciosa quero dizer cheia de graças sociais. Tinha porte ereto, a naturalidade no andar e a elegância que deixavam transparecer a melhor das linhagens. Á mesa, suas maneiras eram finíssimas. Eu já vira Polly no barzinho da escola comendo a especialidade da casa - um sanduíche que continha pedaços de carne assada, molho, castanhas e repolho - sem nem sequer umedecer os dedos.
Inteligente ela não era. Na verdade, tendia para o oposto. Mas eu confiava em que, sob a minha tutela, haveria de tornar-se brilhante. Pelo menos valia a pena tentar. Afinal de contas, é mais fácil fazer uma moça bonita e burra ficar inteligente do que uma moça feia e inteligente ficar bonita.
- Petey - perguntei - você ama Polly Spy?
- Eu acho que ela é interessante - respondeu - mas não sei se chamaria isso de amor. Por quê?
- Você - continuei - tem alguma espécie de arranjo formal com ela? Quero dizer, vocês saem exclusivamente um com o outro?
- Não. Nos vemos seguidamente. Mas saímos os dois com outros também. Por quê?
- Existe alguém - perguntei - algum outro homem que ela goste de maneira especial?
- Que eu saiba não. Por quê?
Fiz que sim com a cabeça, satisfeito.
- Em outras palavras, a não ser por você, o campo está livre, é isso?
- Acho que sim. Aonde você quer chegar?
- Nada, anda - respondi com inocência, tirando minha mala de dentro do armário.
- Onde é que você vai? - quis saber Petey.
- Passar o fim de semana em casa.
Atirei algumas roupas dentro da mala.
- Escute - disse Petey, apegando-se com força ao meu braço - em casa, será que você não poderia pedir dinheiro ao seu pai, e me emprestar para comprar uma jaqueta de couro preto?
- Posso até fazer mais do que isso - respondi, piscando o olho misteriosamente. Fechei a mala e saí.
- Olhe - disse a Petey, ao voltar na segunda feira de manhã. Abri a mala e mostrei o enorme objeto cabeludo e fedorento que meu pai usara ao volante de seu Stutz Beacat em 1955.
- Santo Pai - exclamou Petey com reverência. Passou as mãos na jaqueta e depois no rosto.
- Santo Pai - repetiu, umas quinze ou vinte vezes.
- Você gostaria de ficar com ele? - perguntei.
- Sim - gritou ele, apertando a jaqueta contra o peito. Em seguida, seus olhos assumiram um ar precavido. - O que quer em troca?
- A sua namorada - disse eu, não desperdiçando palavras.
- Polly? - sussurrou Petey, horrorizado. - Você quer a Polly?
- Isso mesmo.
Ele jogou a jaqueta pra longe.
- Nunca - declarou resoluto.
Dei de ombros.
- Tudo bem. Se você não quer andar na moda, o problema é seu.
Sentei-me numa cadeira e fingi que lia um livro, mas continuei espiando Petey, com o rabo dos olhos. Era um homem partido em dois. Primeiro olhava para a jaqueta com a expressão de uma criança desamparada diante da vitrine de uma confeitaria. Depois dava-lhe as costas e cerrava os dentes, altivo. Depois voltava a olhar para a jaqueta. Com uma expressão ainda maior de desejo no rosto. Depois virava-se outra vez, mas agora sem tanta resolução. Sua cabeça ia e vinha, o desejo ascendendo, a resolução descendendo. Finalmente, não se virou mais: ficou olhando para a jaqueta com pura lascívia.
- Não é como se eu estivesse apaixonado por Polly - balbuciou. - Ou mesmo namorando sério, ou coisa parecida.
- Isso mesmo - murmurei.
- Afinal, Polly significa o que para mim, ou eu pra ela?
- Nada - respondi.
- Foi uma coisa banal. Nos divertimos um pouco. Só isso.
- Experimente a jaqueta - disse eu.
Ele obedeceu. A jaqueta ficou bem larga, passando da cintura. Ele parecia um motoqueiro mal vestido da década de cinqüenta.
- Serve perfeitamente - disse, contente.
Levantei-me da cadeira e perguntei, estendendo a mão.
- Negócio feito?
Ele engoliu a seco.
- Feito - disse, e apertou a minha mão.
Saí com Polly pela primeira vez na noite seguinte.
O Primeiro programa teria o caráter de pesquisa preparatória. Eu desejava saber o trabalho que me esperava para elevar a sua mente ao nível desejado. Levei-a para jantar.
- Puxa, que jantar interessante! - disse ela, quando saímos do restaurante. Fomos ao cinema.
- Puxa, que filme interessante! - disse ela, quando saímos do cinema.
Levei-a para casa.
- Puxa, que noite interessante - disse ela, ao nos despedirmos.
Voltei para o quarto com o coração pesado. Eu subestimara gravemente as proporções da minha tarefa. A ignorância daquela moça era aterradora. E não seria o bastante apenas instruí-la. Era preciso, antes de tudo, ensiná-la a pensar. O empreendimento se me afigurava gigantesco, e a princípio me vi inclinado a devolvê-la a Petey. Mas aí comecei a pensar nos seus dotes físicos generosos e na maneira como entrava numa sala ou segurava uma faca, um garfo, e decidi tentar novamente.
Procedi, como sempre, sistematicamente. Dei-lhe um curso de Lógica. Acontece que, como estudante de direito, eu freqüentava na ocasião aulas de Lógica, e portanto tinha tudo na ponta da língua.
- Polly - disse eu, quando fui buscá-la para o nosso segundo encontro. - Esta noite vamos até o parque conversar.
- Ah, que interessante! - respondeu ela.
Uma coisa deve ser dita em favor da moça: seria difícil encontrar alguém tão bem disposta para tudo.
Fomos até o parque, o local de encontros da universidade, nos sentamos debaixo de uma árvore, e ela me olhou cheia de expectativa.
- Sobre o que vamos conversar? - perguntou.
- Sobre Lógica.
Ela pensou durante alguns segundos e depois sentenciou:
- Interessante!
- A Lógica - comecei, limpando a garganta - é a ciência do pensamento. Se quisermos pensar corretamente, é preciso antes saber identificar as falácias mais comuns da Lógica. É o que vamos abordar hoje.
- Interessante! - exclamou ela, batendo palmas de alegria.
Fiz uma careta, mas segui em frente, com coragem.
- Vamos primeiro examinar uma falácia chamada Dicto Simpliciter.
- Vamos - animou-se ela, piscando os olhos com animação.
- Dicto Simpliciter quer dizer um argumento baseado numa generalização não qualificada. Por exemplo: o exercício é bom, portanto todos devem se exercitar.
- Eu estou de acordo - disse Polly, fervorosamente. - Quer dizer, o exercício é maravilhoso. Isto é, desenvolve o corpo e tudo.
- Polly - disse eu, com ternura - o argumento é uma falácia. Dizer que o exercício é bom é uma generalização não qualificada. Por exemplo: para quem sofre do coração, o exercício é ruim. Muitas pessoas têm ordem de seus médicos para não exercitarem. É preciso qualificar a generalização. Deve-se dizer: o exercício é geralmente bom, ou é bom para a maioria das pessoas. Do contrário está-se cometendo um Dicto Simpliciter. Você compreende?
- Não - confessou ela. - Mas isso é interessante. Quero mais. Quero mais!
- Será melhor se você parar de puxar a manga da minha camisa - disse eu e, quando ela parou, continuei:
- Em seguida, abordaremos uma falácia chamada generalização apressada. Ouça com atenção: você não sabe falar francês, eu não sei falar francês, Petey Bellows não sabe falar francês. Devo portanto concluir que ninguém na universidade sabe falar francês.
- É mesmo? - espantou-se Polly. - Ninguém?
Contive a minha impaciência.
- É uma falácia, Polly. A generalização é feita apressadamente. Não há exemplos suficientes para justificar a conclusão.
- Você conhece outras falácias? - perguntou ela, animada. - Isto é até melhor do que dançar.
- Esforcei-me por conter a onda de desespero que ameaçava me invadir. Não estava conseguindo nada com aquela moça, absolutamente nada. Mas não sou outra coisa senão persistente. Continuei.
- A seguir, vem o Post Hoc. Ouça: Não levemos Bill conosco ao piquenique. Toda vez que ele vai junto, começa a chover.
- Eu conheço uma pessoa exatamente assim - exclamou Polly. - Uma moça da minha cidade, Eula Becker. Nunca falha. Toda vez que ela vai junto a um piquenique...
- Polly - interrompi, com energia - é uma falácia. Não é Eula Becker que causa a chuva. Ela não tem nada a ver com a chuva. Você estará incorrendo em Post Hoc, se puser a culpa na Eula Becker.
- Nunca mais farei isso - prometeu ela, constrangida. - Você está bravo comigo?
- Não Polly - suspirei. - Não estou bravo.
- Então conte outra falácia.
- Muito bem. Vamos experimentar as premissas contraditórias.
- Vamos - exclamou ela alegremente.
Franzi a testa, mas continuei.
- Aí vai um exemplo de premissas contraditórias. Se Deus pode fazer tudo, pode fazer uma pedra tão pesada que ele mesmo não conseguirá levantar?
- É claro - respondeu ela imediatamente.
- Mas se ele pode fazer tudo, pode levantar a pedra.
- É mesmo - disse ela, pensativa. - Bem, então eu acho que ele não pode fazer a pedra.
- Mas ele pode fazer tudo - lembrei-lhe.
Ela coçou a cabeça linda e vazia.
- Estou confusa - admitiu.
- É claro que está. Quando as premissas de um argumento se contradizem, não pode haver argumento. Se existe uma força irresistível, não pode existir um objeto irremovível. Compreendeu?
- Conte outra dessas histórias interessantes - disse Polly, entusiasmada.
Consultei o relógio.
- Acho melhor parar por aqui. Levarei você em casa, e lá pensará no que aprendeu hoje. Teremos outra sessão amanhã.
Deixei-a no dormitório das moças, onde ela me assegurou que a noitada fora realmente interessante, e voltei desanimadamente para o meu quarto. Petey roncava sobre sua cama, com a jaqueta de couro encolhida a seus pés. Por alguns segundos, pensei em acordá-lo e dizer que ele podia ter Polly de volta. Era evidente que o meu projeto estava condenado ao fracasso. Ela tinha, simplesmente, uma cabeça à prova de Lógica.
Mas logo reconsiderei. Perdera uma noite, por que não perder outra? Quem sabe se em alguma parte daquela cratera de vulcão adormecido que era a mente de Polly, algumas brasas ainda estivessem vivas. Talvez, de alguma maneira, eu ainda conseguisse abaná-las até que flamejasse. As perspectivas não eram das mais animadoras, mas decidi tentar outra vez.
Sentado sob uma árvore, na noite seguinte, disse:
- Nossa primeira falácia desta noite se chama ad misericordiam.
Ela estremeceu de emoção.
- Ouça com atenção - comecei - Um homem vai pedir emprego. Quando o patrão pergunta quais as suas qualificações, o homem responde que tem uma mulher e dois filhos em casa, que a mulher e aleijada, as crianças não tem o que comer, não tem o que vestir nem o que calçar, a casa não tem camas, não há carvão no porão e o inverno se aproxima.
Uma lágrima desceu por cada uma das faces rosadas de Polly.
- Isso é horrível, horrível! - soluçou.
- É horrível - concordei - mas não é um argumento. O homem não respondeu à pergunta do patrão sobre as suas qualificações. Ao invés disso, tentou despertar a sua compaixão. Cometeu a falácia de ad misericordiam. Compreendeu?
Dei-lhe um lenço e fiz o possível para não gritar enquanto ela enxugava os olhos.
- A seguir - disse, controlando o tom da voz - discutiremos a falsa analogia. Eis um exemplo: deviam permitir aos estudantes consultar seus livros durante os exames. Afinal, os cirurgiões levam as radiografias para se guiarem durante uma operação, os advogados consultam seus papéis durante um julgamento, os construtores têm plantas que os orientam na construção de uma casa. Por quê, então, não deixar que os alunos recorram a seus livros durante uma prova?
- Pois olhe - disse ela entusiasmada - está e a idéia mais interessante que eu já ouvi há muito tempo.
- Polly - disse eu com impaciência - o argumento é falacioso. Os cirurgiões, os advogados e os construtores não estão fazendo teste para ver o que aprenderam, e os estudantes sim. As situações são completamente diferentes e não se pode fazer analogia entre elas.
- Continuo achando a idéia interessante - disse Polly.
- Santo Cristo! - murmurei, com impaciência.
- A seguir, tentaremos a hipótese contrária ao fato.
- Essa parece ser boa - foi a reação de Polly.
- Preste atenção: se Madame Curie não deixasse, por acaso, uma chapa fotográfica numa gaveta junto com uma pitada de pechblenda, nós hoje não saberíamos da existência do rádio.
- É mesmo, é mesmo - concordou Polly, sacudindo a cabeça. - Você viu o filme? Eu fiquei louca pelo filme. Aquele Walter Pidgeon é tão bacana! Ele me faz vibrar.
- Se conseguir esquecer o Sr. Pidgeon por alguns minutos - disse eu, friamente - gostaria de lembrar que o que eu disse é uma falácia. Madame Curie teria descoberto o rádio de alguma outra maneira. Talvez outra pessoa o descobrisse. Muita coisa podia acontecer. Não se pode partir de uma hipótese que não é verdadeira e tirar dela qualquer conclusão defensável.
- Eles deviam colocar o Walter Pidgeon em mais filmes - disse Polly - Eu quase não vejo ele no cinema.
Mais uma tentativa, decidi. Mas só mais uma. Há um limite para o que podemos suportar.
- A próxima falácia é chamada de envenenar o poço.
- Que engraçadinho! - deliciou-se Polly.
- Dois homens vão começar um debate. O primeiro se levante e diz: ‘o meu oponente é um mentiroso conhecido. Não é possível acreditar numa só apalavra do que ele disser’. Agora, Polly, pense bem, o que está errado?
Vi-a enrugar a sua testa cremosa, concentrando-se. De repente, um brilho de inteligência - o primeiro que vira - surgiu nos seus olhos.
- Não é justo! - disse ela com indignação - Não é justo. O primeiro envenenou o poço antes que os outros pudesse beber dele. Atou as mãos do adversário antes da luta começar... Polly, estou orgulhoso de você.
- Ora - murmurou ela, ruborizando de prazer.
- Como vê, minha querida, não é tão difícil. Só requer concentração. É só pensar, examinar, avaliar. Venha, vamos repassar tudo o que aprendemos até agora.
- Vamos lá - disse ela, com um abano distraído da mão.
Animado pela descoberta de que Polly não era uma cretina total, comecei uma longa e paciente revisão de tudo o que dissera até ali. Sem parar citei exemplos, apontei falhas, martelei sem dar trégua. Era como cavar um túnel. A princípio, trabalho duro e escuridão. Não tinha idéia de quando veria a luz ou mesmo se a veria. Mas insisti. Dei duro, até que fui recompensado. Descobri uma fresta de luz. E a fresta foi se alargando até que o sol jorrou para dentro do túnel, clareando tudo.
Levara cinco noites de trabalho forçado, mas valera a pena. Eu transformara Polly em uma lógica, e a ensinara a pensar. Minha tarefa chegara a bom termo. Fizera dela uma mulher digna de mim. Está apta a ser minha esposa, uma anfitriã perfeita para as minhas muitas mansões. Uma mãe adequada para os meus filhos privilegiados.
Não se deve deduzir que eu não sentia amor por ela. Muito pelo contrário. Assim como Pigmaleão amara a mulher perfeita que moldara para si, eu amava a minha. Decidi comunicar-lhe os meus sentimentos no nosso encontro seguinte. Chegara a hora de mudar as nossas relações, de acadêmicas para românticas.
- Polly, disse eu, na próxima vez que nos sentamos sob a árvore - hoje não falaremos de falácias.
- Puxa! - disse ela, desapontada.
- Minha querida - prossegui, favorecendo-a com um sorriso - hoje é a sexta noite que estamos juntos. Nos demos esplendidamente bem. Não há dúvidas de que formamos um bom par.
- Generalização apressada - exclamou ela, alegremente.
- Perdão - disse eu.
- Generalização apressada - repetiu ela. - Como é que você pode dizer que formamos um bom par baseado em apenas cinco encontros?
Dei uma risada, contente. Aquela criança adorável aprendera bem as suas lições.
- Minha querida - disse eu, dando um tapinha tolerante na sua mão - cinco encontros são o bastante. Afinal, não é preciso comer um bolo inteiro para saber se ele é bom ou não.
- Falsa Analogia - disse Polly prontamente - eu não sou um bolo, sou uma pessoa.
Dei outra risada, já não tão contente. A criança adorável talvez tivesse aprendido a sua lição bem demais. Resolvi mudar de tática. Obviamente, o indicado era uma declaração de amor simples, direta e convincente. Fiz uma pausa, enquanto o meu potente cérebro selecionava as palavras adequadas. Depois reiniciei.
- Polly, eu te amo. Você é tudo no mundo pra mim, é a lua e a estrelas e as constelações no firmamento. For favor, minha querida, diga que será minha namorada, senão a minha vida não terá mais sentido. Enfraquecerei, recusarei comida, vagarei pelo mundo aos tropeções, um fantasma de olhos vazios.
Pronto, pensei; está liquidado o assunto.
- Ad misericordiam - disse Polly.
Cerrei os dentes. Eu não era Pigmaleão; era Frankenstein, e o meu monstro me tinha pela garganta. Lutei desesperadamente contra o pânico que ameaçava invadir-me. Era preciso manter a calma a qualquer preço.
- Bem, Polly - disse, forçando um sorriso - não há dúvida que você aprendeu bem as falácias.
- Aprendi mesmo - respondeu ela, inclinando a cabeça com vigor.
- E quem foi que ensinou a você, Polly?
- Foi você.
- Isso mesmo. E portanto você me deve alguma coisa, não é mesmo, minha querida? Se não fosse por mim, você nunca saberia o que é uma falácia.
- Hipótese Contrária ao Fato - disse ela sem pestanejar.
Enxuguei o suor do rosto.
- Polly - insisti, com voz rouca - você não deve levar tudo ao pé da letra. Estas coisas só têm valor acadêmico. Você sabe muito bem que o que aprendemos na escola nada tem a ver com a vida.
- Dicto Simpliciter - brincou ela, sacudindo o dedo na minha direção.
Foi o bastante. Levantei-me num salto, berrando como um touro.
- Você vai ou não vai me namorar?
- Não vou - respondeu ela.
- Por que não? - exigi.
- Porque hoje à tarde eu prometi a Petey Bellows que eu seria a namorada dele.
Quase caí para trás, fulminado por aquela infâmia. Depois de prometer, depois de fecharmos negócio, depois de apertar a minha mão!
- Aquele rato! - gritei, chutando a grama. - Você não pode sair com ele, Polly. É um mentiroso. Um traidor. Um rato.
- Envenenar o poço - disse Polly - E pare de gritar. Acho que gritar também deve ser uma falácia.
Com uma admirável demonstração de força de vontade, modulei a minha voz.
- Muito bem - disse - você é uma lógica. Vamos olhar as coisas logicamente. Como pode preferir Petey Bellows? Olhe para mim: um aluno brilhante, um intelectual formidável, um homem com futuro assegurado. E veja Petey: um maluco, um boa vida, um sujeito que nunca saberá se vai comer ou não no dia seguinte. Você pode me dar uma única razão lógica para namorar Petey Bellows?
- Posso sim - declarou Polly - Ele tem uma jaqueta de couro preto.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Spore, God of War e coisas de nerd

SPORE





Há! Para contrastar um pouco as nerdices, deixarei de lado o CDF e escreverei como Gamer (E não deixando completamente o lado CDF, já que este game também é para CDF's), indicando e informando sobre um dos mais fantásticos jogos que tive o prazer de conhecer: Spore.

E como definir este jogo? Tarefa difícil.  Na Wikipédia, temos a seguinte informação:


Spore (ou SPORE) é um jogo eletrônico "massivo de um jogador" desenvolvido pela Maxis Software, projetado por Will Wright e distribuido pela Electronic Arts. Em Spore, o jogador tem o controle da evolução de uma espécie através de cinco estágios, cada um com mecânicas (jogabilidades) diferentes. O jogo recebeu grande atenção do público e da crítica, pela jogabilidade amplamente aberta e a utilização da geração processual.



Não haveria explicação melhor. Neste jogo você cria uma espécie, e deve evoluí-la por 5 diferentes estágios, desde a fase celular até uma civilização galática, explorando e terraformando planetas, criando novas formas de vida, ou simplesmente explorando a vastidão cósmica. Apesar de sua aparência caricata, a complexidade e possibilidades são impressionantes.

O trailer oficial:


No vídeo abaixo, podemos conferir o início do jogo, que se baseia na teoria da panspermia, e o estágio celular, com seus belos gráficos aquáticos:



Além da beleza e da customização quase infinita, há uma infinidade de coisas a se fazer, principalmente quando alcançamos o último estágio, de civilização espacial.

Os estágios são:

Estágio Celular - No fundo das águas do planeta, num nível microscópico, o objetivo do jogador é fazer sua célula comer alimentos de acordo com a sua dieta (se a célula é Herbívora deve comer plantas, se é Carnívora deve devorar pedaços de carne ou comer células menores e às vezes maiores) e evoluir de tamanho, tomando cuidado com células maiores e mais fortes. Para conseguir novas partes deve-se coletar fragmentos de meteoros ou matar células mais complexas. Quando a célula chegar a um certo nível de evolução, se alimentando bem, ela passa para o Estágio de Criatura e é direcionada para um criador exclusivo que apresenta pernas e as células em questão, que são bidimensionais, em 3D.

Estágio de Criatura - A célula ganha pernas, e já pode sair das águas e pisar em terra firme, tornando-se uma criatura. Dessa vez com um ninho, onde pode ganhar pontos de saúde. O objetivo é conhecer e aliar-se a novas criaturas, ou ganhar novos inimigos. A novidade mais legal, é que a criatura tem um planeta inteiro para explorar em um mundo aberto, tomando cuidado com as criaturas mais poderosas, e se preocupando com os níveis de saúde e de fome. Você pode achar "Criaturas Épicas", que são criaturas gigantes e quase invencíveis e "Criminosos", que são "criaturas maiores, mais fortes e mais nervosas e violentas que o ajudam mais a evoluir ao serem destruídos ou impressionados. É a primeira fase em 3D. Neste estágio, o jogador poderá receber a visita de naves espaciais de outros planetas, que podem abduzir outras criaturas, e também, pode haver chuvas de meteoros, que normalmente não causam muito estrago ao planeta, mas podem te matar. O Editor de Criaturas pode ser acessado a qualquer momento, simplesmente acasalando a criatura com outra da mesma espécie, independente da quantidade de pontos de DNA que o jogador possui, mas é necessário pontos de DNA para colocar mais partes à sua criatura. Quando a criatura ganhar um certo número de aliados e inimigos o Estágio Criatura é concluído e o jogador vai ao Estágio Tribal.

Estágio Tribal - Quando a criatura atinge um nível de sapiência suficiente, ela evolui e passa para a próxima fase, a tribal. Nesta, o jogador irá controlar uma tribo inteira de seres da mesma espécie, com um novo estilo de jogo. Aqui, as criaturas irão interagir com ferramentas, cabanas e outras coisas. Ainda assim, a caça é fundamental para a sobrevivência da espécie. O seu objetivo é dominar outras tribos ou se aliar a elas. É possível oferecer presentes a outras tribos, que se resumem em comida, e também realizar apresentações de músicas para impressioná-las e agradá-las. São vários tipos de armas disponíveis, como lanças, machados, tochas, e outras ferramentas diversas, como bastões de cura, cornetas, e outras. À medida que o tempo passa, outras tribos podem surgir de ninhos de criaturas que evoluíram (que geralmente não são da sua espécie, uma possível analogia com o fato de, que o ser humano estava no "estágio tribal", sua competição com outras tribos geralmente era inter-espécies, com o homem neandertal ou floresiensis por exemplo). As criaturas selvagens (animais irracionais) podem ser domesticadas, para oferecer ovos para alimentar a tribo, e até defendê-la, quando preciso. As criaturas épicas do Estágio Criatura que não foram mortas no estágio passado continuam neste estágio, e podem atacar a tribo do jogador, e se for morta, pode render uma grande quantidade de carne.

Estágio de Civilização - Quando a tribo evolui, o jogador irá avançar para a fase Civilização, onde ele controlará uma cidade, e posteriormente, uma nação inteira. Neste estágio, o jogador controla a felicidade de seus habitantes, cria fábricas, casas e locais de entretenimento, e controla suas fontes de recursos. Após a vitória do estágio anterior, sua espécie domina o planeta e começa a fundar civilizações (cidades) por todos os continentes do planeta. Como sempre, sua civilização será a primeira no planeta, mas não irá demorar para outras serem fundadas. O jogador terá de interagir com estes outros povos por meio de diplomacia, comércio ou conflitos. Aqui, o jogador criará veículos, para poder justamente interagir com estas outras culturas. O objetivo dessa fase é unificar todo o planeta, seja convertendo, comprando ou derrotando outros povos. O estágio espacial começará quando o seu povo dominar todo o planeta, incitando a necessidade da globalização para o progresso da civilização.

Estágio Espacial - O último estágio, o Espacial, irá ambientar a espécie no último nível evolucionário. Aqui, o jogador irá criar sua espaçonave, e então lançar-se no espaço. Várias armas irão aparecer, como lasers, bombas, mísseis, lançadores, armas nucleares, e também ferramentas diversas, como analisadores, marcadores de terreno, ferramentas de modelação e de pintura, e muitas outras. Este é o estágio que não tem fim, mais existem dois principais objetivos: destruir ou se aliar com Os Grox, a civilização mais poderosa da galáxia, e chegar ao Núcleo Galáctico. O jogador pode comercializar e produzir recursos, criar rotas comerciais, terraformar planetas, fundar colônias, embaixadas em outros planetas, interagir com criaturas, tribos e civilizações não avançadas, dentre outras coisas. O jogador também pode encontrar o Sistema Solar e a Terra, porém, os humanos não existem no jogo.

Outra coisa que me impressionou foi o tamanho. A galáxia Spore ou Via Láctea é a galáxia em que o Spore se passa. Ela possui uma forma em espiral, contendo cinco braços, com cerca de cem mil estrelas visitáveis, e dentro de cada uma delas podem haver de nenhum a 8 planetas, totalizando cerca de quinhentos mil planetas na galáxia inteira.

QUINHENTOS MIL PLANETAS EM UM JOGO?! Sim. Impressionante não. É quase um universo à parte.

É simplesmente incrível. Vale a pena conhecer.

Mais informações em:
http://pt.spore.wikia.com/wiki/P%C3%A1gina_principal (Sim, Spore têm uma Wikipédia própria...)

GOD OF WAR

Nada para falar de GOW. O jogo, jogabilidade, gráficos, história e tudo mais já falam por si só. Mas há algumas semanas saiu um trailer fantástico com atores reais. Empolgante, no mínimo. Assisti e lembrei de Kratos gritando: "I am the God of War". Assistam em 1080p.


COISAS DE NERD




Há alguns dias vi um teste compartilhado pela revista Superinteressante intitulado "Que tipo de nerd é você?". Primeiramente, fiquei me perguntando quando foi que ser Nerd se tornou algo a ser desejável. 

Talvez a popularização do The Big Bang Theory, Senhor do Anéis e Matrix (não diretamente relacionados mas de gosto principalmente Nérdico) e filmes mais antigos que retratavam o gênero, tenham ajudado. Mas realmente não sei de onde surgiu a moda de ser nerd.

Sou do tempo que ser Nerd era não ter muitos amigos, pois ninguém gostava de alguém que fosse muito CDF, ou que gostasse muito de games, ou tecnologia, ou sei lá o que mais poderia classificar alguém como Nerd. A dificuldade com as mulheres também era algo comum, não que existisse por algum fator natural de fato (talvez pela timidez, ok), mas revelar seu lado fanático por Star Wars e Senhor dos Anéis, ou games, ou Astronomia não era algo bem quisto pelas moçoilas. Não sei o que ocorreu de uns tempos pra cá, porém fico feliz com a aceitação deste rótulo entre milhares de bilhões de pessoas de nossa sociedade.

Mas uma coisa é ser quem você é, por interesses legítimos, sem se preocupar com rótulos e preconceitos. Outra é tentar se transformar em algo para agradar à outrem, que ao meu ver sempre vai ser negativo, por não permitir ao indivíduo expressar sua individualidade maravilhosa, mesmo entre bilhões. Você pode curtir Star Wars, mas odiar quadrinhos, e não vai se tornar menos Nerd por esse motivo. Alias, que é que rotula e enquadra os parâmetros? "Who is the master who makes the grass green?"

Fui fazer o teste, por diversão, e claro, o resultado foi CDF. Mas sempre tive meu lado Gamer e Geek, podemos dizer, bem aflorados. Porque não apareceram no resultado?! Outra coisa que achei interessante foi uma pergunta sobre o twitter, onde TODAS as alternativas eram de amor incondicional e reverência à plataforma social. Quer dizer que se eu não gostar do twitter, não sou Nerd?! Hahahaha. Que seja, ou melhor, foda-se. 

Malditos rótulos. Sigamos nossos interesses e gostos, e se os mesmos enquadrarem-se em algum rótulo, que seja. Se não, prefiro seguir um aforismo do Sr. Bigode, de grande sabedoria: "Torna-te quem tu és" 

Obrigado pela leitura, curta e siga o blog pelo Facebook, para receber atualizações, e um abraço.